MANAUS – Uma proposta do vereador Waldemir José (PT) de criar comissão na CMM (Câmara Municipal de Manaus), para fiscalizar o empréstimo de US$ 150 milhões do Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) para a Prefeitura de Manaus, que será aplicado nas áreas de infraestrutura, educação, sistema de gestão, inclusão social e geração de renda, gerou um bate-boca na manhã desta quarta-feira, 27, entre os vereadores do PT e os parlamentares da base do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB).
O parlamentar do PT lembrou que o empréstimo foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal, inclusive com o aval do Partido dos Trabalhadores e que ele só queria que a município tratasse os gastos do dinheiro mais transparentes.”Estou apresentando um requerimento para que a Mesa Diretora forme uma comissão especial para fiscalizar a aplicação dos 150 milhões de dólares oriundo do empréstimo do Bird que foi aprovado pelo Senado da República, para que a Câmara fiscalize transparência dessa aplicação”, cobrou José.
A sugestão de Waldemir José irritou o líder do prefeito na Casa, Elias Emanuel (PSDB), que usou a tribuna da Casa para criticar a postura. “Eu considero essa proposta do vereador Waldemir José uma anomalia porque vai parecer que todos nós aqui estamos preocupados só com o dinheiro do empréstimo. O restante do dinheiro do orçamento que o prefeito gerencia pouco nos interessa. Então a gente está focado só nisto, queremos saber como vai ser gasto o empréstimo, quantos centavos e o restante do orçamento não?”, questionou Emanuel.
O líder do prefeito disse que o orçamento do município é muito maior e que a Prefeitura de Manaus tem um orçamento de R$ 4,6 bilhões para o ano que vem. Ele disse que o dinheiro não veio do governo Federal, mas do Bird.
“Agora querem criar uma comissão para ficar focada num empréstimo que não chega a R$ 550 milhões e o restante do orçamento passa a margem? Na minha opinião é uma proposta bizarra. O Bird não assinou o empréstimo ao prefeito porque ele é um garoto lindo, atleta, já foi senador. Manaus tem uma gestão com uma capacidade de endividamento de 120% do seu orçamento. O empréstimo passou pelo Ministério do Planejamento, pela Fazenda, Tesouro Nacional e foi ao Senado. Temos que olhar todo o orçamento da prefeitura e não somente este empréstimo”, afirmou.
Elias ainda defendeu o gerenciamento dos recursos pela Prefeitura de Manaus que na sua avaliação não está sem crédito e endividada como outros municípios brasileiros. “Nós não estamos recebendo aqui recursos a fundo perdido. Manaus não está como o Brasil lá fora sendo desclassificado pelas agências financeiras. Hoje o Brasil está no lixo no capital internacional, porque não consegue pagar as suas próprias dividas”, disse Emanuel.
Luís Mitoso (PSD) também questionou a proposta de Waldemir José. Ele disse que não é preciso criar uma comissão para realizar a fiscalização de recursos do Executivo, que já é uma função da Câmara Municipal.
“O vereador Elias Emanuel foi à tribuna e falou de capacidade de endividamento, diferente de saúde financeira. Temos o exemplo do Rio de Janeiro que já foi capital da República e hoje os aposentados nem recebem. Manaus está bem porque tem gestores preocupados com os recursos públicos”, disse.
A vereadora Rosi Matos (PT) saiu em defesa do partido e questionou a administração do prefeito. “Eu fiquei sem entender porque antes desse empréstimo do Bird ser liberado se questionava que Manaus estava vivendo no caos e sem recursos para investimentos infraestrutura. E agora o líder do prefeito acaba de dizer que Manaus contraiu empréstimo porque viram lá fora que a cidade tem uma saúde financeira? , ironizou Rossi.
O vereador professor Bibiano (PT) se disse surpreso com a reação dos vereadores que não aceitaram a proposta da criação da comissão para fiscalizar o empréstimo já que a função da Casa é fiscalizar o Executivo.