EDITORIAL
MANAUS – A ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na reunião agendada para esta terça-feira (8) com representantes do Amazonas para discutir os impactos à Zona Franca de Manaus com a redução do IPI promovida pelo Governo Bolsonaro, é um recado claro aos defensores do modelo econômico ZFM.
Paulo Guedes, como já cansamos de dizer neste espaço, nunca escondeu a intenção de implodir o modelo Zona Franca de Manaus. Para ele, as vantagens competitivas oferecidas no Polo Industrial de Manaus é um absurdo e gera uma concorrência desleal com o resto do Brasil.
O ministro da Economia, ao contrário do que muitos amazonenses afirmam, entende muito bem o funcionamento da Zona Franca de Manaus, mas não concorda com ele. O “liberal” acha que as empresas aqui instaladas precisam fazer sacrifícios para continuar produzindo na região.
Ao anunciar a redução do IPI de forma linear em 25% para todos os produtos fabricados no Brasil e importados, Guedes citou a Zona Franca de Manaus. O ministro afirmou que os técnicos do Ministério da Economia queriam reduzir em 50% o IPI, mas optaram por cortar apenas 25% para evitar um impacto maior sobre as indústrias da Zona Franca de Manaus.
Guedes e seus técnicos discutiram exaustivamente os impactos da redução do IPI à Zona Franca de Manaus. E, como fica claro na fala do ministro, há impactos negativos, sim, à indústria instalada no Amazonas. Mas o Governo Bolsonaro decidiu bancar as consequências da medida.
Por isso, o ministro não tem interesse em discutir com representantes do Governo do Amazonas, Prefeitura de Manaus, da indústria e parlamentares. A decisão do governo central foi tomada antes da assinatura do decreto pelo presidente Jair Bolsonaro. Os técnicos do ministério poderão ouvir o clamor dos “amazonenses”, mas não têm poder de decisão.
Em outras ocasiões em que o governo federal adotou medidas contra a Zona Franca de Manaus ou ameaçou o modelo, Paulo Guedes aceitou se reunir para ouvir os “amazonenses”, e em todas elas o discurso foi o de que a Zona Franca seria preservada.
Na prática, Guedes vêm executando o que disse em abril de 2019, ou seja, que deixaria a Zona Franca do jeito que estava, mas não desistiria de mexer na tributação de quem está fora do alcance dela.
Isso significa isolar a Zona Franca de Manaus e deixá-la morrer aos poucos. É o que está fazendo. As medidas podem parecer insignificante para alguns, mas no longo prazo, certamente, cumprirá os objetivos traçados pelo governo e pela pasta de Guedes.
Quem quiser acreditar que ainda pode contar com a benevolência e a compreensão do ministro Paulo Guedes e do Governo Bolsonaro para manter de pé o modelo de desenvolvimento econômico criado há 55 anos no Amazonas, precisa vestir a fantasia de bobo da corte, para usar um termo da monarquia muito usado por brasileiros.