Por Caio Spechoto e Mateus Cerqueira, do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – Em entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) falou sobre a relação que mantém com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Mesmo com todos os percalços, ele disse que a relação dos deputados com o governo “voltou à normalidade”.
“Eu mal falo com – e da – articulação política do governo. Quando me posicionei, foi porque o clima estava chegando em um nível que eu fazia a seguinte análise: um presidente da Câmara que veio de uma posição antagônica, que dá o apoiou que eu dou a um governo que precisa de uma maioria que não tem, e o tempo todo é vítima de matérias mentirosas, fake news plantadas por quem não deve? A articulação estava do avesso”, disse.
O presidente da Câmara disse também que o colégio de líderes errou na discussão do projeto de lei que equipara aborto após a 22ª semana a crime de homicídio, destacando: “A única coisa que acontece com um projeto que tramita em urgência é ele sair da discussão nas comissões”, e complementou: “O Colégio errou quando não viu o resto do projeto, que deu uma versão horrenda a uma discussão que todos nós temos aversão”. E defendeu “cadeiras cativas para mulheres no Congresso, Assembleias e Câmaras Municipais”.
Sobre as emendas PIX, Lira defendeu que elas tenham objetivo definido. Ele falou também sobre a MP da energia, destacando: “Agora, você ter uma negociação e dois dias depois ter uma medida provisória editada que interfere direto nessa negociação, causa espécie, causou preocupação, causa distorção”. E criticou a hipótese de aumento de custos aos consumidores.
Apreço
Arthur Lira afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem o apreço dos parlamentares, além de papel decisivo na interlocução entre governo e Congresso Nacional nas pautas econômicas.
“É importante a gente ressaltar sempre que o ministro Haddad tem muito carinho, tem muita atenção, tem muita interlocução com o Congresso Nacional”, disse em entrevista à GloboNews, complementando que o ministro tem sido fundamental para o avanço da pauta econômica, na relação da Câmara com o governo federal.
A fala de Lira sublinha a importância do diálogo constante e da cooperação entre os diferentes poderes, com Fernando Haddad sendo uma peça-chave para assegurar a harmonia e a eficácia das ações governamentais, como ele mesmo apontou na entrevista. “Ele é quem tem que falar para o presidente, com o presidente, e as decisões saiam dali com relação ao que ele está enxergando de maior dificuldade, de maior facilidade, para que o Brasil cumpra as metas traçadas no arcabouço fiscal”, completou.
Sobre a tratativa de ações do governo com o Haddad, o presidente da Câmara mencionou a necessidade de equilíbrio e estratégia nas negociações. “Muitas vezes a gente chega a dizer: ‘Haddad, aguente aí, porque às vezes você vem muito pra linha de frente e às vezes tem que dizer não ou sim, bota sempre um interlocutor no meio primeiro para a gente conseguir arredondar alguns textos’”. E destacou que “as discussões daqui para frente são contenção de setores e cortes planejados de despesas”.