Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – O governador José Melo (Pros) anunciou, na noite desta segunda-feira, 2, na presença do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, uma série de medidas que o governo do Estado vai adotar depois da carnificina ocorrida no maior presídio de Manaus, na tarde do dia 1° de janeiro. Entre as medidas, ele disse que vai botar a Polícia Militar dentro dos presídios. “Eu vou entrar com a polícia dentro das penitenciárias. A Polícia Militar vai ficar permanentemente dentro das penitenciárias”, disse, ao fim da entrevista coletiva dele com o ministro, no Centro Integrado de Comando e Controle Regional do Amazonas, no bairro Aleixo, na zona centro-sul de Manaus.
Outra medida a ser adotada é a revista periódica nos presídios. De acordo com o secretário de Administração Penitenciária, Pedro Florêncio, as revistas são feitas periodicamente, mas o governador disse que elas serão intensificadas.
O governador também anunciou que foi criada uma força-tarefa para identificar o mais rápido possível os presos que precisam ser transferidos para presídios de segurança máxima e que foram responsáveis por 60 mortes em dois presídios de Manaus.
A transferência de presos do sistema carcerário do Amazonas para presídios federais foi uma das medidas anunciadas pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Essa força-tarefa é para que a gente possa o mais rápido possível e dentro da lei apresentar ao Ministério da Justiça a relação dos presos que têm que sair daqui para um presídio de segurança máxima”, disse o governador.
Outra medida anunciada pelo ministro é a liberação de mais recursos financeiros da União para construção de novos presídios no Amazonas e para equipar os atuais. Entre os equipamentos, ele anunciou a instalação de bloqueadores de sinal de telefone celular nos presídios e de escâneres para utilização durante a entrada de visitantes.
Segundo o ministro, 30% dos presídios de todo o País terão bloqueadores de celular a partir deste ano. “Isso será anunciado pelo Ministério da Justiça. Isso não é uma aquisição, é uma contratação de serviços em torno de R$ 146 milhões por ano, mas extremamente importante para que a gente possa ter uma segurança maior dentro dos presídios”, disse Alexandre de Moraes.
O governador José Melo disse que com o dinheiro liberado em dezembro passado pelo Ministério da Justiça, serão construídos dois presídios, um em Parintins e outro em Manacapuru (veja matéria). “Eu quero aqui no meu Estado segregar o bandido como esses que mataram essas pessoas todas, aquele bandido que está ligado ao tráfico, etc., de uma pessoa que comete um desatino e mata alguém ou rouba alguma coisa. Hoje eles estão todos juntos como se fosse uma verdadeira escola do crime”, disse Melo.
Dados dos motins nos presídios de Manaus nos dias 1° e 2 de janeiro:
- 184 presos fugiram do sistema prisional, sendo 72 do Instituto Penal Antônio Trindade e 112 do Complexo Penitenciário Anísio Jobim.
- 40 foragidos haviam sido capturados até as 22h desta segunda-feira, 2.
- 130 presos do Anísio Jobim e da Unidade Prisional do Puraquequara foram transferidos para a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus, nesta segunda-feira. Eles eram da facção criminosa que pertenciam os detentos mortos por uma facção rival.
- Dentre os 60 mortos, 56 foram assassinados no Anísio Jobim e outros quatro no presídio do Puraquequara, depois da transferência dos detentos, na tarde desta segunda-feira.
- O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, disse que os quatro mortos deveriam ser da facção criminosa ameaçada, mas que não se identificaram como tais e foram mortos pelos detentos depois da transferência dos colegas.
Depois que acontece a desgraça o ilustre “professor” vem com a solução. São incontáveis as irregularidades que vem sendo apontadas nos presídios de Manaus e nunca ninguém tomou providência. Esses ingredientes política, tráfico e corrupção quando misturados na gestão pública só pode resultar em tragédia.