O vice-prefeito afirmou que Arthur o colocou na parede para que desistisse da disputa em 2014 até o dia da exoneração da Seminf
MANAUS – “Amarras ninguém vai por em mim”. Com esta frase, o vice-prefeito de Manaus, Hissa Abrahão (PPS), respondeu à atitude do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) de demiti-lo do cargo de secretário municipal de Infraestrutura. A frase foi dita em entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira (17 de dezembro), um dia depois da exoneração, em um salão do hotel Mercure, na zona centro-sul de Manaus. Ele disse que a decisão de Arthur foi política e não administrativa. “Eu queria que ele dissesse: o Hissa é muito competente, fez o que fez e fez bem feito. Bem feito ao ponto de até para ir nas obras, quem ia dar tchauzinho era ele”.
De acordo com o vice-prefeito, Arthur Neto o colocou na parede seis meses antes do prazo para as desincompatibilizações determinado pelo Justiça Eleitoral para quem quer concorrer às eleições gerais de 2014. “Ele chegou comigo e disse: ‘você tem que desistir de ser candidato’. Ele ficou vermelho e disse: ‘você não pode ser candidato”, afirmou Hissa. Se insistisse em disputar as eleições de 2014, segundo o vice-prefeito, teria que deixar a secretaria. “insistentemente, vinham mensageiros do prefeito me dizer: ‘Desista!'”, completou Hissa.
No dia da exoneração, Arthur ainda fez a última tentativa para que Hissa desistisse. “Eu recebi um telefonema de uma pessoa dizendo que seu eu desistisse da candidatura, tudo permaneceria como estava”. O mensageiro foi o secretário municipal de Governo, Humberto Michiles, que na tarde de ontem foi anunciado como o novo secretário de Educação, em substituição a Pauderney Avelino (DEM), que também deixou a pasta porque vai disputar as eleições do ano que vem.
“Querer forçar a mim a tomar uma decisão na qual eu não tenho absolutamente certeza, é querer dizer que eu sou subalterno politicamente. E aí, vocês sabem que eu não sou subalterno de ninguém politicamente”. Nesse momento, Hissa foi aplaudido pelos apoiadores que lotavam o salão. “Eu respeito o prefeito hierarquicamente. Ele fez o que quis na nossa secretaria, porque ele é o prefeito e tem que fazer mesmo. Mas isso me causou um certo mal estar e fez com que nossa relação desandasse”, disse, referindo-se à insistência para que desistisse de ser candidato.
Sem citar nomes, Hissa disse que, agora, vão fazer campanha para isolá-lo politicamente. “Já não basta a humilhação de ser demitido publicamente durante um entrevista a uma emissora de rádio, agora vão querer me isolar”, afirmou. Para o vice-prefeito, deixar o cargo foi uma decisão que mostra sua independência política. “Se eu quisesse ficar na secretaria era só chamar a imprensa e dizer: desisto”.
O vice-prefeito afirmou que manteve a decisão de disputar as eleições do ano que vem, mas ainda não ter cargo definido. Pode ser ao governo, mas também aceita ser vice em uma composição que ajude a candidatura de Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República. Essa composição pode ser uma chapa Hissa e Serafim ou Serafim e Hissa. “Se mais na frente os partido avaliarem que o Serafim tem mais chances, eu não tenho problema nenhum em ser vice dele”, afirmou.
Relação com Arthur
O vice-prefeito disse que, se depender dele, sua relação com o prefeito Arthur Neto não será abalada e não prejudicará a cidade. “Se eu tiver que assumir o cargo de prefeito ele pode ficar tranquilo que não interferirei na administração. Estarei sempre à disposição para colaborar”. Hissa alimenta até a esperança de que Arthur possa apoiá-lo em 2014. “Nós temos um grupo que se reveza no poder há 30 anos e temos a chance de disputar as eleições com esse grupo. É um desperdício 2014 passar e, eu e o Arthur juntos, como estamos agora na prefeitura, deixarmos de participar das eleições”. E completou: “Acho até que vamos disputar as eleições. Acho que o prefeito exagerou na fala dele e acho que ele vai repensar e vamos estar juntos em 2014”.
Hissa, no entanto, não deixou de lançar críticas a Arthur e demonstrar que ele foi ingrato ao demiti-lo. “Se eu não fosse vice, o Arthur poderia até vencer a eleições. Acho que venceria, mas teria mais dificuldade. Por isso, acho que ele deveria me apoiar em 2014”.
Sobre o fato de Arthur o chamar de imaturo e precipitado, o vice-prefeito afirmou que mostrou com trabalho que tem maturidade. Ele citou a formação da equipe da Seminf e as obras que a Prefeitura de Manaus vem realizando nesse primeiro ano de mandato de Arthur. “Essa história de precipitado e imaturo, não pega em mim”.
O vice-prefeito também disse que sempre esperou um telefonema do prefeito para o acompanhar nas visitas de “fiscalização das obras”, mas nunca recebeu uma ligação. “Eu sempre visitava as obras muito cedo e ele fazia as visitas à noite, mas esse é o estilo dele, ele é o prefeito”, minimizou, em seguida.
Prioridades da Copa
Hissa também disse que quis expandir as obras da prefeitura para os bairros, mas a prioridade de Arthur era o chamado “quadrilatero da Copa”. “Eu queria fazer um trabalho que atendesse toda a cidade. Tentei começar a reforma da Feira do São José, mas a decisão do prefeito foi focar nas obras para atender a Copa”.