Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Com 16 votos favoráveis e quatro contra, os deputados estaduais do Amazonas aprovaram, na tarde desta quinta-feira, 3, uma PEC (Proposta de Emenda a Constituição) que autoriza que a eleição da Mesa Diretora da ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) seja realizada dentro dos 30 dias que antecedem a última sessão ordinária do ano. Com a aprovação, a eleição será realizada na tarde deste quinta-feira, 3.
Os deputados Alessandra Campelo (MDB), Joana Darc (PL), Abdala Fraxe (Podemos) e Saullo Vianna (PTB) votaram contra a proposta sob alegação de que ela tramitou na CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação) em três minutos antes de ser aprovada. Eles também acusaram os colegas de praticar “golpe” contra o governador Wilson Lima (PSC).
A PEC, que tramitou em regime de urgência, tem como autores os deputados Adjuto Afonso (PDT), Álvaro Campelo (PP), Carlinhos Bessa (PV), Delegado Péricles (PSL), Fausto Junior (PRTB), Roberto Cidade (PV), Sinésio Campos (PV) e Wilker Barreto (Podemos).
O artigo alterado antes previa que a eleição dos membros da Mesa Diretora da ALE ocorreria às 15h do dia em que “ocorrer a última reunião ordinária da Segunda Sessão Legislativa”, ou seja, no dia 17 de dezembro. Com a aprovação da PEC, foi possível adiantar a eleição dos parlamentares que compõem a direção da Casa.
“Traição”
Os deputados da base do governador Wilson Lima na ALE afirmaram que houve traição de deputados. A líder do governo, deputada Joana Darc, disse que o deputado Roberto Cidade (PV), que pretende ser candidato a presidente da Casa, se aliou a deputados de oposição após ter o nome rejeitado pela base do governo para ser o próximo presidente.
“A história não perdoa. O deputado Roberto Cidade não aceitou outra indicação e está batendo o pé, está traindo as pessoas que sempre o ajudaram. Foi só o seu nome não ser escolhido pela base do governo que vossa excelência está compactuando com isso. Isso é muito feio. Vossa excelência acordou que apoiaria um nome, mas, como o senhor não foi escolhido, está se acovardando agora, traindo seus amigos, seus companheiros”, afirmou Joana Darc.
A líder do governo afirmou que irá recorrer a Justiça porque não foi convocada para participar da reunião da CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação) realizada nesta quinta-feira que aprovou a proposta. Para Darc, a votação é “ilegal” e contraria o regimento interno da ALE.
A deputada do PL também fez acusações contra Cidade. “O deputado Roberto Cidade foi atrás de comprar votos dos colegas deputados estaduais. E eu digo o valor, porque ele não chegou a falar comigo, mas aqui todo mundo fica sabendo das coisas. O voto era R$ 200 mil”, afirmou Darc.
Dermilson Chagas (Podemos) pediu provas das acusações, Wilker Barreto (Podemos) alegou que a colega estava cometendo quebra de decoro parlamentar e Felipe Souza (Patriotas) disse que Darc responderia na Justiça.
A vice-presidente da ALE, deputada Alessandra Campêlo, que era nome cotado para suceder o atual presidente da Casa, Josué Neto (PRTB), afirmou que Cidade está “unido ao seus algozes” e chamou o deputado Carlinhos Bessa de “pivô articulador”. Campêlo também citou “deputadas que mentem”, mas não disse nenhum nome.
“Está sendo proposto um golpe à Constituição do Estado, orquestrado, regido por maestros, onde vai se adiantar a eleição da Mesa Diretora da Assembleia com uma chapa que já está pronta a um custo político grande, que foi organizada em reuniões com pessoas que assim agiram para atender a interesses próprios. O objetivo é a cassação do governador do Estado”, afirmou Campêlo.