EDITORIAL
MANAUS – Nesta terça-feira (8), a diretora-presidente da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas), Tatyana Amorim, fez um apelo aos pais para que levem os filhos menores de 12 anos para vacinar.
O apelo é motivado por um triste dado: das 566 mil crianças vacináveis (estimativa do Ministério da Saúde), apenas 58,3 mil haviam recebido o imunizante contra a Covid-19 até esta terça-feira. Isso representa apenas 10,5% do total que precisa receber a vacina.
Sem imunização, as crianças tornam-se um dos grupos mais vulneráveis para o vírus da Covid-19. Tanto podem contrair e desenvolver formas graves da doença quanto transmitir para outras pessoas, principalmente da família.
“A arma que nós temos mais poderosa contra a Covid-19 é a vacinação, então precisamos agora proteger nossas crianças, tendo em vista o início das aulas. É importante que essas crianças já comecem as aulas imunizadas”, disse a presidente da FVS-AM.
O apelo, no entanto, não encontra eco nos parlamentos. Na Assembleia Legislativa, deputados apresentaram projeto de lei para que não se exija comprovante de vacina para estudantes na volta às aulas, marcadas para o dia 14 de fevereiro no Estado.
Na Câmara Municipal de Manaus, um vereador sinaliza que vai fazer o mesmo. Anunciou que apresentará um projeto de lei proibindo que as escolas cobrem dos pais que as crianças sejam vacinadas.
No parlamento estadual, alguns deputados usaram, inclusive, informações falsas para justificar posicionamento, como a de que a vacina para crianças tem caráter experimenta; no municipal, o vereador alegou que a obrigatoriedade é um ato tirano, antidemocrático e antirrepublicano, que cerceia o direito de liberdade dos pais.
Esses parlamentares não estão pensando no bem-estar de crianças e pais, tem uma visão equivocada do direito de liberdade e minimizam a importância da vacinação, apesar de se dizerem a favor da vacina.
Deveriam, esses parlamentares, em vez de escancarar seu posicionamento negacionista, incentivar pais a levar os filhos para vacinar. Poderiam colocar seus assessores nas comunidades para animar as famílias, esclarecer dúvidas e ajudar a tirar a trave dos olhos dos que acham que vacinar as crianças é um risco à saúde.
Esses “representantes do povo” estão preocupados com uma minoria que espalha fake news sobre as vacinas e a pandemia.
A liberdade que deve ser almejada é a que virá com o controle da Covid-19, o que só deve chegar com a imunização de ampla maioria da população.
Quando mais pessoas vacinadas, menos necessárias serão as restrições impostas à população. As pessoas poderão voltar à vida normal.