Da Redação
MANAUS – Preso na Operação Cashback, na quinta-feira, 11, em Manaus, o empresário Murad Aziz, irmão do senador Omar Aziz (PSD-AM), usava códigos para se referir a dinheiro e pressionava empresários que tinham contratos com o Governo do Amazonas para pagar propina, afirma a Polícia Federal em relatório da operação, que prendeu 12 pessoas, entre elas o advogado Lino Chíxaro.
A atuação de Murad Aziz, conforme o relatório da PF, foi identificada através de conversas telefônicas interceptadas pela investigação sobre esquema de fraudes na saúde pública do Amazonas. A ‘Cashback’ é a quarta fase da Operação Maus Caminhos, deflagrada em 2016, e o esquema evolve desvios que chegam a R$ 500 milhões.
Conforme a PF, Aziz agia a favor do médico e empresário Mouhamad Moustafa, preso em 2017 e considerado o líder do esquema de fraude. Em uma das conversas, ocorrida em maio de 2015, Murad se diz grato por ter recebido R$ 300 mil de um contrato para serviços de ambulância. Ao falar sobre o dinheiro, ele cita o termo ‘remédio’. Ele pede mais R$ 25 mil ao médico, que se compromete em pagar.
No relatório, a PF cita o depoimento de uma empresária que foi procurada por Murad. Em depoimento, ela declarou que Murad fez a seguinte exigência: “Eu tô vendo, você já tem contrato, está faturando. O Estado é nosso. Ou você paga ou você tá fora… Esse é o jogo. Você vai ter que pagar”. Conforme a empresária, Murad exigiu R$ 20 mil. Ela disse que não pagaria e ele, conforme a empresária, disse: “Todo mundo tem que pagar. O Estado é nosso. Eu sou irmão do governador (Omar Aziz, à época)”.
PF também investiga o pagamento de R$ 1,5 milhão ao Botafogo, clube de futebol do Rio de Janeiro, por uma partida em Manaus, em 2014. O dinheiro teria sido pago por Mouhamad a pedido de Murad.
Murad Aziz se entregou à Polícia Federal durante a Operação Cashback. Ele cumpre a detenção provisória no Centro de Detenção Provisória Masculino 2 (CDPM 2), na zona rural de Manaus.
A ‘Cashback’ investiga a prática de crimes como peculato, lavagem de capitais e organização criminosa.