EDITORIAL
MANAUS – O Congresso Nacional aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentária com uma previsão de R$ 5,7 bilhões para financiar as campanhas eleitorais de presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais em 2022.
Nas eleições de 2018, os recursos destinados ao fundo eleitoral foram de R$ 1,7 bilhão. Um absurdo na época, duramente criticado. Quatro anos depois, o valor mais que triplica.
A aprovação da proposta na Câmara dos Deputados e no Senado demonstra que a voracidade dos políticos e dos partidos no Brasil não obedece a nenhum limite.
É tão absurdo que custa a qualquer cidadão consciente acreditar que esse dinheiro será gasto sem que ninguém intervenha em favor da população brasileira.
Os servidores públicos estão desde o início do ano passado sem reajuste salarial. O trabalhador da iniciativa privada viu sua renda encolher – muitos ficaram desempregados nesses tempos de pandemia – com redução de salário para evitar demissão.
Enquanto isso, a inflação real, que não é medida pelos institutos oficiais, reduziu drasticamente o poder de compra dos trabalhadores. Os produtos de primeira necessidade, como arroz, feijão, farinha, carne, peixe, óleo de soja, tiveram o valor dobrado nos últimos 18 meses.
Os combustíveis, o gás de cozinha, a energia elétrica, tudo aumentou absurdamente nesses meses em que a maior parte da população amargava o desemprego e a fome.
É nesse cenário que deputados federais e senadores aprovam um aumento de 235% no valor do fundo eleitoral; em valores monetários, um aumento de R$ 4 bilhões.
Quase R$ 6 bilhões para os partidos políticos torrarem com as campanhas eleitorais, que todos sabem como são feitas e para que são feitas: para tentar enganar o eleitor.
Lamentável é que esse mesmo eleitor que nada tem ou que tem muito pouco é quem mais paga para que os políticos tenham aviões, barcos, publicitários, cabos eleitorais, material de campanha. Tudo é paga com o dinheiro do contribuinte.