Da Folhapress
BRUXELAS – A capacidade de atendimento intensivo no Reino Unido será superada no final deste mês se não houver mudanças no combate à pandemia do novo coronavírus, calcula um grupo de 11 cientistas da London School of Hygiene (LSH).
Dados do sistema de saúde britânico informavam em janeiro a existência de 4.123 leitos de cuidado intensivo, 312 deles para crianças. A demanda chegará a 4.364 por dia no final de março “se a velocidade de transmissão não for drasticamente reduzida nos próximos dias”, calcula o estudo preliminar, publicado neste domingo (22).
Itália e Espanha, países que registram o maior número de mortes na Europa, já veem sua capacidade de atendimento esgotada.
No Reino Unido as restrições para combater a pandemia têm sido moderadas e progressivas, mas o governo deve apertá-las mais nesta segunda (23), depois que parques londrinos ficaram lotados no final de semana.
Há duas semanas, o governo pediu a idosos e casos suspeitos que se auto-isolassem. Na semana passada, recomendou o trabalho remoto. Na sexta-feira (20), fechou bares, restaurantes, clubes, casas noturnas e academias. Nesta segunda, as escolas tiveram as aulas suspensas.
O comércio continua aberto no país e as pessoas não são multadas se andarem na rua, como na França, na Itália ou na Alemanha.
Para estimar a demanda por UTIs, os cientistas da LSH levaram em conta o número previsto de doentes, a duração das internações e a premissa de que o número de casos dobra a cada sete dias.
O cálculo assume também que a proporção de casos que precisam de tratamento intensivo fica frequente ao longo do tempo. A necessidade de leitos foi projetada com base nas internações feitas até a última quarta (18).
Foram considerados períodos de internação de oito a dez dias. “Embora ainda haja muita incerteza sobre a progressão da pandemia”, todos os cenários mostram um aumento marcante de demanda por UTIs, escrevem os autores.