MANAUS – A Reitoria da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) divulgou neste domingo, 30, uma minuta do calendário acadêmico para 2015 e 2016 que instala uma nova polêmica com os professores, em greve desde o dia 15 de junho. Pela proposta, a Ufam autoriza o início do segundo semestre de 2015 para o dia 8 de setembro, mas apenas para os alunos que concluíram o primeiro semestre, ou seja, aqueles que estudaram com os professores que furaram a greve. Para os cursos cujos professores suspenderam as atividades, a Reitoria orienta que os alunos esperem o final do movimento grevista, em data que ainda não foi definida, para iniciar a reposição das aulas que restam para concluir o primeiro semestre.
Para o presidente da Adua (Associação dos Docentes da Ufam – seção sindical), José Alcimar de Oliveira, a proposta da Reitoria vai gerar um caos na instituição, com dois calendários paralelos e já foi rejeitada pelos professores. “Não defendemos vários calendários acadêmicos, mas um calendário único. Como a Reitoria propõe iniciar o calendário 2015/2 sem o fim da greve? Isso seria uma afronta aos professores em greve”, disse o presidente da Adua.
O que quer a Ufam
Na minuta de proposta, a Reitoria da Ufam sugere que as aulas do segundo semestre sejam iniciadas no dia 8 de setembro somente nos cursos e disciplinas cujos docentes não aderiram à greve. Já nos cursos em situação contrária, os alunos deverão esperar o final do movimento grevista, em data que ainda não foi definida, para iniciar a reposição das aulas que restam para concluir o primeiro semestre.
A Reitoria também recomenda que, mesmo nos cursos e Unidades que não paralisaram suas atividades, caso haja a oferta de alguma disciplina cujo pré-requisito ainda não tenha sido concluído no primeiro semestre por causa da greve, os professores e Coordenações aguardem a reposição integral e conclusão daquele para iniciar a nova turma/disciplina.
Após iniciada a reposição, a Administração Superior encaminhará ao Consepe a abertura de novo prazo para as Coordenações de Curso e Chefias de Departamento (ou Coordenações Acadêmicas) registrarem suas ofertas de turmas e disciplinas para o segundo semestre, nos casos em que elas ainda não foram feitas por causa da greve, além de novo prazo para a aplicação de provas finais e lançamentos de notas correspondentes ao primeiro e ao segundo semestres.
Matrículas
Também será proposto novo prazo, depois de serem repostas as aulas, aplicadas as provas e lançadas as notas do primeiro semestre, para solicitação de matrículas em turmas e disciplinas oferecidas para o segundo semestre letivo e cujas aulas iniciarão somente após a reposição do primeiro.
O objetivo desta medida, de acordo com a reitoria, é permitir a matrícula de dois grupos de alunos: os de cursos cujas ofertas não foram feitas no período regular e os discentes que, por terem as aulas interrompidas pela greve, tiveram seus pedidos de matrículas indeferidos porque ainda não concluíram disciplinas que são pré-requisitos para aquelas que pretendem cursar.
Os novos prazos para matrícula não afetarão aqueles previamente definidos no Calendário Acadêmico. Por isso, todas as matrículas que já foram deferidas continuarão válidas, de acordo com a minuta.
Matrículas para 2016
As matrículas para o primeiro semestre de 2016 deverão ser realizadas assim que se encerre o prazo para que os professores atualmente em greve registrem no Sistema Acadêmico as notas correspondentes ao segundo semestre letivo de 2015.
Aos cursos e Unidades cujos docentes não aderiram ao movimento grevista – e nos quais poderá ser cumprido o prazo já fixado no Calendário para o lançamento das notas correspondentes ao segundo semestre de 2015 – será deferida a oferta de turmas de férias em maior número e com cargas horárias superiores às usuais, caso haja interesse dos discentes e respectivos colegiados.
O que diz a ADUA
O Comando Local de Greve dos Docentes criou, nesta segunda-feira, 31, uma comissão para elaborar um documento a ser encaminhado à Reitoria com a manifestação de insatisfação dos professores sobre o calendário acadêmico proposto na minuta.
Os docentes já discutiram a matéria e emitiram uma nota pública no dia 21 do mês passado, rejeitando qualquer proposta de fracionamento do calendário acadêmico. De acordo com o comando de greve, a reposição integral das aulas das disciplinas paralisadas em 15 de junho só deve ser feita após o encerramento da greve.
Sobre o calendário institucional, os docentes afirmam que ele deve ser único e integrado, porque a universidade não se resume às aulas de graduação e o calendário responde por toda nossa vida acadêmico-institucional. Na nota pública, os docentes também afirmam que segundo semestre de 2015 só deve ser iniciado após a finalização da reposição do primeiro semestre.
“A proposta da Reitoria não se sustenta; outros aspectos precisam ser considerados na formatação do calendário acadêmico; estamos vendo, por exemplo, que com dois calendários aplicados simultaneamente, teremos dificuldades de espaço físico”, disse José Alcimar de Oliveira.