Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Janderson Cabral Cidade, de 20 anos, Lucas Lima, de 34 anos, e Davi Souza da Silva, de 23 anos, foram denunciados pelo MP-AM (Ministério Público do Amazonas) pelo assassinato do jovem indígena Melquisedeque Santos do Vale, o ‘Mélqui’, que tinha 20 anos. O crime ocorreu no dia 16 de dezembro de 2021 em um ônibus da linha 444, em Manaus.
De acordo com a promotora de Justiça Leda Mara Albuquerque, no dia do homicídio, o trio entrou no ônibus vestido de gari para roubar celulares e dinheiro de passageiros. Segundo ela, enquanto Lucas e Davi ameaçavam e recolhiam os pertences das vítimas, Janderson atirou na cabeça de Mélqui, que morreu instantaneamente.
A Polícia Civil do Amazonas apura se uma quarta pessoa estava dando suporte ao trio em um carro. Segundo os investigadores, Janderson e Davi disseram que se trata de um motorista de transporte por aplicativo, mas alegaram não saber o nome e nem onde encontrar o indivíduo. O MP suspeita que tenha sido Emerson Arevalo, que foi preso um dia após o homicídio.
“Considerando que ainda restam diligências em relação a Emerson de Souza Arevalo, o qual pode ter agido na condição de motorista do veículo que dava suporte aos denunciados, o Ministério Público, por enquanto, não oferecerá denúncia em face do referido indivíduo, mantendo-se no aguardo do resultado das diligências pendentes”, disse Leda Mara.
A denúncia relata que, após Janderson disparar contra Mélqui, o trio exigiu que o motorista do ônibus parasse o veículo para que eles descessem e fugissem por um matagal. Conforme a promotora de Justiça, o “comparsa que conduzia o automóvel destinado ao auxílio e fuga dos denunciados também evadiu-se”.
Lucas foi preso no dia 16 de março em uma rua do bairro Cachoeirinha, na zona sul de Manaus, e apontou Janderson como autor do disparo contra Mélqui. No dia seguinte, 17 de março, policiais militares localizaram e prenderam Janderson em uma casa no bairro Monte das Oliveiras, na zona norte de Manaus, após denúncia anônima.
Janderson e Lucas foram denunciados pelo MP no dia 4 deste mês, ocasião em que Leda Mara solicitou à polícia que localizasse e interrogasse Davi, que havia sido mencionado por Janderson. No dia 7, acompanhado de uma advogada, Davi compareceu à Derfd (Delegacia Especializada De Roubos, Furtos e Defraudações) para prestar depoimento.
Documento da Polícia Civil que o ATUAL teve acesso aponta que, em depoimento, Davi confirmou a participou na ação criminosa que resultou na morte de Mélqui. Ele disse que Lucas era o “cabeça do grupo” e foi quem deu a ideia de fazer assalto no veículo. Também afirmou que foi Janderson quem disparou contra o jovem indígena usando uma arma caseira.
Ainda conforme o documento, Davi negou que o motorista que deu suporte ao grupo estava em um carro Renault/Symbol, da cor vermelha, como apontaram denúncias anônimas que levaram policiais militares até Emerson Arevalo, no dia 17 de dezembro. Segundo David, o motorista estava em um carro Classic, de cor preta.
No dia 7 de abril, o delegado Ismael Schettini Trigueiro, da Derfd, indiciou Davi como um dos autores do crime contra Mélqui após o jovem de 23 anos ter confessado participação na ação criminosa no ônibus da linha 444. Davi foi incluído pelo Ministério Público na denúncia contra Janderson e Lucas no último dia 10 de abril.
Liberdade
A defesa de Lucas pediu a prisão domiciliar dele sob alegação de que um dos filhos sofreu acidente doméstico e está internado. Na última segunda-feira (18), a juíza Andréa de Medeiros, da 9ª Vara Criminal de Manaus, negou o pedido por entender que o rapaz não comprovou que “é o único esteio da criança”.
A magistrada também apontou que os documentos apresentados pela polícia quando pediu a prisão preventiva de Lucas “mostram outros envolvimentos em figuras graves, denotando que nem a paternidade da qual pretende se socorrer no momento para se ver livre, foi capaz de afasta-lo da seara delitiva”.
Para Medeiros, Lucas “consorciou-se com pessoas armadas e assumiu o risco do resultado mais gravoso, demonstrando destemor e periculosidade acima da média”. Ainda segundo ela, “a prisão se recomenda no caso para garantia da ordem pública”. “Dito isso, forte nas razões expostas alhures, mantenho a segregação do indiciado”, decidiu a juíza.