Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O delegado Adriano Félix anunciou em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira (17), que Lucas Lima, de 24 anos, foi preso por suspeita de participação no assassinato do jovem indígena Melquisedeque Santos do Vale, o ‘Melqui’, que tinha 20 anos. O crime ocorreu no dia 16 de dezembro de 2021 em um ônibus da linha 444. Outros dois suspeitos estão foragidos.
Adriano Félix disse que Lucas relatou à polícia que o autor do disparo contra Melquisedeque foi um homem identificado como Janderson Cabral Cidade, de 20 anos. O jovem preso também disse que apenas abordou o motorista, e que outro homem, identificado como “Pequeno”, recolheu os pertences dos passageiros.
Ainda de acordo com Félix, Janderson, que carregava um revólver calibre 22, também tentou disparar contra o motorista, que não parou o ônibus, mas a arma falhou. Após o trabalhador parar o veículo, os homens fugiram para lugares diferentes. “O Lucas adentra a mata na frente do aeroporto. Os outros dois fogem para outro local”, disse o delegado.
Lucas foi localizado e preso em uma rua do bairro Cachoeirinha, na zona sul de Manaus, por volta de 9h de quarta-feira (16). Segundo a polícia, ele já tem passagens pela polícia, com prisão em flagrante por porte ilegal de arma de fogo no dia 28 de dezembro de 2021 e por tráfico de drogas em 8 de fevereiro deste ano.
Sobre os outros dois suspeitos, Félix disse que “quem dará mais detalhes sobre a respeito do “Pequeno” será o Janderson. “Foi o Janderson que chamou o Pequeno para essa ação delitiva. Ele está sendo procurado. Caso alguém tenha detalhe desse indivíduo entre em contato com o disque-denúncia: (92) 99427-5821 ou pelo 181”, disse o delegado.
A versão apresentada pela Polícia Civil do Amazonas nesta quinta-feira não inclui um rapaz de 24 anos que foi preso por policiais militares no dia 17 de dezembro por suspeita de participação no crime. Félix disse que a investigação da Polícia Civil coloca na cena do crime apenas os três suspeitos (Lucas, Janderson e Pequeno).
“Com base em elementos testemunhais, em provas coletadas até esse momento da investigação, o Janderson é o indivíduo que atira, o Lucas Lima é o indivíduo que aborda o motorista e permanece na ameaça e o tal do Pequeno sai coletando os materiais. Não descartamos a participação de outros elementos”, afirmou Félix.
Crime
O crime ocorreu quando Melqui voltava para casa após um dia trabalho, em um ônibus da linha 444, que liga a zona norte à zona sul. Segundo a cobradora do ônibus, na Avenida Torquato Tapajós, próximo do complexo viário que dá acesso ao Aeroporto Eduardo Gomes, três homens anunciaram o assalto e passaram a recolher pertences dos passageiros.
A mulher entregou o dinheiro do caixa a um dos homens e fechou os olhos. Nesse momento, segundo ela, houve um disparo de arma de fogo. Ela disse que viu Melqui caído no chão. Os homens, então, ordenaram que o motorista seguisse pela Avenida Santos Dumont e parasse próximo a uma área de mata, onde desceram.
De acordo com o sargento Jones Leite, da 20ª Cicom (Companhia Interativa Comunitária), passageiros afirmaram que Melqui não reagiu ao assalto e que o rapaz foi assassinado por “pura maldade dos criminosos”. “Ele não reagiu. Segundo testemunhas, a vítima não reagiu. Entregou o celular dele”, afirmou o policial, no dia do crime.
Os policiais militares que atuaram no caso afirmaram que, na época do assassinato, eles passaram a receber diversas ligações anônimas sobre a localização dos autores do crime e o possível veículo utilizado na ação criminosa, um Renault/Symbol, de cor vermelha. Após buscas, ele chegaram ao rapaz de 24 anos, em uma rua do Bairro Tarumã, zona oeste.
De acordo com os agentes, o rapaz usava tornozeleira eletrônica. Os policiais militares consultaram a Seaop (Secretaria Executiva Adjunta de Operações) sobre a localização dele, o dia e hora do crime e receberam a informação de que o suspeito estava no mesmo local, data e hora do crime em questão, “confirmando-se o teor das denúncias”.
Na delegacia, o rapaz de 24 anos negou ter participação no crime. Conforme relatório registrado pela Polícia Civil, ele disse que possui um carro Renault/Clio, de cor vinho, mas não soube informar a placa. Além disso, informou que, na data do crime, passou nas proximidades do aeroporto, mas estava indo pra casa.
(Colaborou Kamila Amoedo e Murilo Rodrigues)