Questão central hoje, no país, é a da insegurança política.
Os brasileiros não se sentem mais seguros com a política nem com os políticos que têm. Não há mais relação de confiança nem de respeito. Tudo e todos estão nivelados no mesmo nível. E o nosso sistema representativo, eleitoral e partidário, por si só, virou sinônimo de coisa injusta, algo desonesto, sujo e nocivo. Na verdade, o sistema político brasileiro e seus quadros representativos viraram um problema de polícia e de segurança pública.
O estrago é profundo. Não há como reabilitar a curto nem médio prazo. Se algo não for realmente feito a tempo, nem que seja uma pequena reforma política, as manifestações populares poderão não somente proliferar, mas também se radicalizar. E tudo porque os ditos representantes parlamentares não fizeram o dever de casa básico: a adiada reforma política. E, pior, resolveram investir na memória curta e conivente do povo, ganhar tempo na malandragem, e apostar no arrefecimento da luta popular.
Ledo engano. Os ditos representantes políticos que aí estão, dessa vez, investem erroneamente na tolerância do povo brasileiro. Estão redondamente enganados. Estão pagando pra ver, mas não sabem o que lhes aguarda no próximo ano, particularmente a partir do mês que antecede a copa do mundo de futebol, quando já estão programadas manifestações populares por todo o país.
O povo das manifestações não quer mais saber de copa do mundo de futebol, não está nem aí para os discursos sem consequência da classe política formalmente eleita, nem vão legitimar eleições que estão previstas para o próximo ano. O povo cansou. E os políticos não querem entender isso nem obedecer às aspirações populares.
Resultado: se os representantes não mudarem as leis da política partidária e da representação; se não acabarem com os monopólios de partidos e outros cacicados; não acabarem com a capitação de recursos privados via eleições, vendendo mandatos, suplências e leiloando cargos; se nada for feito e tudo continuar como antes, as consequências poderão ser realmente imprevisíveis.
Os representantes não entenderam ainda que não são bem vindos nem bem aceitos. São filhotes de uma crise de legitimidade, de credibilidade e de segurança política sem precedentes. Na ditadura, os militares fecharam o Congresso Nacional e os parlamentos nos Estados. Agora, corre-se o risco desses espaços de mediação política serem fechados pelo próprio povo, que vê neles apenas ruínas e insegurança política.
Por essa razão, ou os políticos “caem na real”, reformam o sistema representativo, eleitoral e partidário no país, de forma ampla e sem tergiversar, buscando estabelecer diálogo legítimo e concreto com a população, ou o próprio povo muda a política e os políticos, inclusive com o risco da violência popular.
O Brasil e o mundo estão, finalmente, ouvindo com clareza maior o “brado retumbante de um povo heroico”, por meio de uma nova história que começa a ser escrita nas ruas das cidades pelo país. O povo está dando mostras de que não irá tolerar mais promessas sem consequências e as velhas ardilosidades dos que estão no poder. O povo quer realmente ser independente e não uma mera democracia de fachada.
O povo prosseguirá mostrando nas ruas o país que quer construir. O povo está se tornando cidadão e busca a independência. Independência da corrupção, independência das injustiças, independência da indecência, independência da insegurança política. O povo independente que ver seus direitos respeitados e garantidos, pois sabe que faz jus a isso. O povo faz o novo na história do país! Enfim, é mais um passo rumo à independência e à segurança política do povo brasileiro. O povo é o novo!
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