Da Redação
MANAUS – Em acareação na CPI da Saúde nesta segunda-feira, 21, o diretor técnico do INDSH (Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano), que gerencia o Hospital Delphina Aziz, Leandro Moura, contradisse o diretor geral da organização social José Luiz Gasparini sobre o número de leitos disponibilizados no pico da pandemia do novo coronavírus em Manaus.
No confronto das informações, Moura afirmou que no início de abril a OS ofereceu 203 leitos e, no final daquele mês, 303 vagas estavam disponíveis no Hospital Delphina Aziz. “Houve uma adaptação dentro do hospital nesse período crítico. Ao final dele, a gente conseguiu ter o total de 303 leitos”, disse Moura.
No último dia 28 de agosto, Gasparini disse aos deputados que entregou 100% dos leitos clínicos e de UTI, que seriam, no mínimo, 331 vagas, mas que a Susam utilizou apenas 50% deles.
O servidor do Complexo Regulador, Felizardo Monteiro, afirmou que a declaração de Gasparini foi “infeliz” e que os números de leitos citados não batem com o mapa de leitos entregue pela própria OS. “Em abril, não se colocava à disposição do Complexo Regulador esse quantitativo que ele relatou aí. É conforme está na planilha. O que ia para a gente eram aqueles números”, disse Monteiro.
“Se havia leitos vagos no hospital, nós não sabíamos. A informação que nós tínhamos era a que estava no mapa de leitos que ia para o Complexo Regulador diariamente, como está demonstrado nas planilhas. Se havia leitos, quem tem que explicar é o Delphina. O complexo não recebia esses números”, disse o servidor do Complexo Regulador.
Após ouvir os técnicos da SES (Secretaria de Estado de Saúde) e funcionários da OS, os membros da CPI concluíram que o INDSH não entregou, no mês de abril, os 331 leitos na unidade, conforme previsto no quarto termo aditivo para o enfrentamento do novo coronavírus no Estado, como também ficou comprovada para os deputados a falta de informação da OS e a não fiscalização da regulação da secretaria de saúde.
O deputado Serafim Corrêa (PSB) defendeu que a OS devolva o dinheiro referente aos serviços que não foram prestados. “Eu acho que estamos diante de um fato concreto. O Estado pagou por 331 leitos e a OS não disponibilizou 331 leitos. Então, o Estado pagou um valor a maior que, para início de conversa, precisa ser devolvido pela OS. Ela tem que devolver o dinheiro. Isso é o mínimo para a gente começar a conversar”, disse.
De acordo com planilhas apresentadas pela própria OS à comissão, a diferença de leitos alimentados no sistema pela equipe do instituto variou durante todo o mês de abril e nunca chegou à média de 303, citadas por representantes da OS na manhã desta segunda-feira.
“No dia 13 de abril, 131 leitos foram colocados à disposição da regulação. Já no dia 14, foram 75 disponíveis. E essa mudança seguiu pelos próximos dias. Qual a justificativa para isso? Os aparelhos quebraram? A desorganização é evidente em um contrato onde um não presta o serviço e o outro não fiscaliza para cobrar sua realização. Enquanto isso acontecia, perdíamos vidas”, disse o deputado Delegado Péricles.
A acareação foi aprovada pelos membros da CPI da Saúde no último dia 14 de setembro após “desencontro” de informações prestadas pela entidade e pelos técnicos do governo estadual. Os deputados queriam alcançar os “números reais do contrato firmado entre a organização social e o Governo do Amazonas para a administração da unidade hospitalar da zona norte”.