Da Redação
MANAUS – Com uma taxa de casos de câncer de colo de útero 102,3% maior que a média brasileira, o Amazonas tem como um dos grandes desafios na saúde pública e privada conscientizar sobre a importância de prevenção à doença com ações individuais e coletivas. O exame preventivo Papanicolau e a vacinação contra o HPV (Papilomavírus Humano) são duas medidas fundamentais para o controle da enfermidade. A orientação é da presidente da Lacc (Liga Amazonense Contra o Câncer) Marília Muniz.
Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) mostram que a taxa bruta, que projeta o número de casos para cada 100 mil mulheres, é de 16,35 para o Brasil e 33,08 para o Amazonas. Quando se trata de Manaus, a situação é ainda mais grave com uma taxa de incidência de 51,94 para a mesma proporção de mulheres. Significa dizer que a maior parte dos casos está concentrada na capital.
O Inca é um órgão subordinado ao Ministério da Saúde e a tabela com a estimativa consta na projeção mais recente lançada pelo governo federal.
Usar o preservativo durante as relações sexuais, vacinar meninas em idade escolar para imunizá-las contra o HPV e chamar a atenção de mulheres em idade reprodutiva sobre a necessidade do preventivo são medidas para conter o avanço desse tipo de neoplasia maligna, que deve acometer, só em 2021, cerca de 700 mulheres no Amazonas e 16.710 mil no Brasil.
“Uma informação importante é: se fizer o Papanicolau, busque o resultado. E, em caso de alteração sugestiva, procure ajuda médica especializada o mais rápido possível”, orienta Marília. De acordo com ela, mais de 90% dos casos de câncer de colo uterino são provocados pelo HPV (Papilomavírus Humano), considerado uma DST (Doença Sexualmente Transmissível), mas que pode ser evitado.
“Existem centenas de tipos de HPV, mas apenas 13 são considerados oncogênicos (que podem evoluir para o câncer), o que não anula a importância e a responsabilidade de se investigar caso a caso. As lesões provocadas pelo HPV são consideradas precursoras e, se tratadas a tempo, não evoluem para quadros de câncer”, disse.
O ideal, segundo a especialista, é que mulheres com vida sexual ativa façam um check up médico uma vez ao ano se antecipando a eventuais problemas, ou, detectando-os precocemente. “Agendar-se com antecedência para consultas com ginecologista, mastologista e outros especialistas, é um ato de amor próprio. Lembramos que, na oncologia, o principal ditado é: quanto mais cedo o câncer é descoberto, maiores são as chances de cura”, concluiu.
Em 2019, o movimento Março Lilás foi lançado no Amazonas, através da Lei 4.768/19, sancionada pelo Governo do Amazonas. Em 2021, ano de pandemia, explica Marília Muniz, as ações educativas estão mais tímidas, restritas à conscientização em ambientes hospitalares internos e à internet.
“Por isso, decidimos lançar um alerta sobre a situação. A ampliação de ações educativas, tendo as novas tecnologias como aliadas, podem ajudar a mudar uma triste realidade que assombra nosso Estado. Temos um dos maiores índices da doença no país e sabemos que isso pode ser evitado, uma vez que o câncer de colo uterino é 100% prevenível”, disse.