Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O pescador “Colômbia”, cujo nome verdadeiro ainda está sendo apurado pela Polícia Federal, se tornou réu por uso de documento falso e falsidade ideológica. No domingo (14), o juiz Fabiano Verli, da Justiça Federal do Amazonas, aceitou a denúncia contra o pescador apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal).
O magistrado afirmou que a narrativa do MPF é “coesa e os elementos probatórios são fortes”. “Presentes os indícios de autoria e materialidade, recebo a denúncia”, afirmou o Fabiano Verli.
Colômbia foi preso no dia 7 de julho na delegacia federal do município de Tabatinga, no oeste do estado. Segundo a Polícia Federal, ele compareceu espontaneamente para prestar esclarecimentos a respeito de notícias que atribuíram o nome dele às mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, mas, na ocasião, apresentou documentos falsos de identificação.
No dia seguinte, Fabiano Verli decretou a prisão preventiva do pescador, considerando que ele não havia explicado de forma satisfatória as questões consideradas graves envolvendo o nome e a naturalidade dele, que estão “absolutamente errados” no documento que ele usa. “Não é razoável imaginar alguém usar documentos com nome errado, que não é o seu”, disse o juiz, na ocasião.
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De acordo com a Polícia Federal, inicialmente, o homem apresentou um documento brasileiro emitido em dezembro de 2008 com o nome “Rubens Villar Coelho” e naturalidade de Benjamin Constant, no Amazonas. No entanto, durante o depoimento, ele se contradisse ao afirmar que tinha nascido na Colômbia, o que chamou a atenção dos policiais.
O homem foi questionado pelos investigadores sobre as divergências nas informações prestadas e apresentou um novo documento, dessa vez de origem colombiana, com dados diferentes do primeiro. Conforme a Polícia Federal, o segundo documento tinha o nome de “Ruben Dario da Silva Villar” e naturalidade de Puerto Nariño, município colombiano.
Na denúncia, a qual o ATUAL teve acesso, o MPF aponta como documento falso a cédula de identidade brasileira, emitida pelo Instituto de Identificação do Amazonas. Segundo o MPF, para emitir esse documento, o homem usou uma falsa certidão de nascimento emitida em um cartório de Benjamin Constant em setembro de 2005.
De acordo com o MPF, a emissão dessa certidão teve por base as declarações do próprio pescador e das testemunhas que compareceram ao cartório naquela época, Marcelo Peres Mendes e Raquel Gomes Florentino. Apesar de ter se apresentado como Rubens Villar Coelho, Colômbia assinou na matrícula da certidão como “Rubens Dario da Silva Villar”. Veja os dois documentos.
O MPF afirma ainda que o Consulado do Peru em Tabatinga informou haver outro documento emitido em nome de Colômbia, dessa feita atribuindo-lhe uma terceira nacionalidade, de peruano. Conforme a denúncia, o documento está em nome de Ruben Dario da Silva Vilar, que teria nascido Loreto/ Mariscal Ramon Castilla/ Yavari, Peru, de pais peruanos.
Em relatório emitido no dia 21 de julho, a Polícia Federal afirma que “não foi possível à Polícia Federal confirmar o real nome do investigado, nem saber sua verdadeira nacionalidade, se Colombiana ou Peruana posto que, os dois países informam que o investigado é nascido naqueles países, sendo necessário a continuidade da investigação”.
No mesmo relatório, a Polícia Federal concluiu que houve crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica e se manifestou pela manutenção da prisão preventiva do homem até que ele seja identificado. “Manifestando-se essa autoridade policial pela manutenção da prisão preventiva até a correta identificação”, afirmou a instituição.