Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – A falta de fiscalização e a má infraestrutura contribuem para a proliferação de lixeiras viciadas em Manaus. A Lei Municipal nº 2.295, de 8 de janeiro de 2018, pune o descarte inadequado em espaços públicos, mas na prática o lixo é despejado e acumulado até mesmo ao lado de escolas e UBS (Unidade Básica de Saúde).
A multa para quem for flagrado jogando resíduos em logradouros públicos, igarapés, rios e lixeiras viciadas é de dez UFMs (Unidades Fiscais do Município), dobrando a cada reincidência. O valor é de de R$ 127,17.
Na Rua Dona Raquel de Souza, bairro Petrópolis, zona sul da capital, pilhas de lixo ocupam trecho da via e calçada diariamente como ao lado da Escola Municipal Padre Mauro Fancello.
A rua possui becos onde os caminhões de lixo não têm acesso. A população não tem uma lixeira no local e o material é recolhido por uma caçamba da prefeitura pela manhã. Para limpar a via, a caçamba ocupa parte da rua dificultando o tráfego de veículos.
Próxima à UBS S-44 a montanha de lixo é maior e fica em uma parada de ônibus. No local há colchões, garrafas e muitos sacos.
Como resolver
A engenheira ambiental Sabrina Carvalho afirma que o que leva a população a jogar o lixo nesses locais é a falta de fiscalização e de uma sensibilização de forma educacional.
Sabrina Carvalho cita alternativas para resolver o problema. “Distribuição de lixeiras apropriadas nos locais utilizados pelos moradores; compensar a população por uso correto caso seja fiscalizado. Por ser um local viciado, é difícil mudar o pensamento de quem já faz o uso há muito tempo. [Deve-se implementar] Ações de coleta seletiva com a população e [fazer] coletas mais frequentes”.
O ambientalista Carlos Durigan avalia que a infraestrutura urbana, com ruas estreitas e conjuntos onde o adensamento dos imóveis dificulta a realização de serviços públicos, afeta a coleta pública de lixo.
Para Durigan, é preciso um levantamento dessas áreas e a construção de soluções com participação da população. “Em regiões onde a coleta de lixo não tem acesso, penso que seja importante considerar o estabelecimento de melhor estrutura para que as pessoas possam destinar seus resíduos”, sugere.
Durigan alerta que muitas lixeiras viciadas estão em áreas verdes e beiras de igarapés e o acúmulo de lixo gera contaminação e tem grande potencial para causar problemas de saúde.
Semulsp
Altervi Moreira, secretário municipal de Limpeza Pública, afirma que além da limpeza e coleta de lixo domiciliar diária, são realizadas campanhas e ações de conscientização em todos os bairros da cidade, porta a porta, e por meio de redes sociais.
“Há um trabalho em desenvolvimento para que esse pontos de depósito irregular de lixo sejam totalmente eliminados. O trabalho consiste na construção de lixeiras fixas, a maior parte delas construídas em alvenaria, com indicação de horários da passagem dos carros coletores. A população também precisa ajudar nesse trabalho, deixando de depositar lixo nesses locais e fiscalizando os que insistem nessa prática”, disse.
A Semulsp também conta com o grupo Garis da Alegria, que colabora com ações em escolas municipais e estaduais.
Nos lugares onde os caminhões de lixo não chegam, Moreira explica que são usados coletores menores. “Nos locais aonde nem esses coletores compactos conseguem adentrar, fazemos uso dos garis comunitários. São garis que percorrem os becos e vielas à pé fazendo a coleta, levando os resíduos até uma rua aonde transite o carro coletor”, informou.