MANAUS – A Nova Zelândia, um arquipélago no pacífico sul com 5 milhões de habitantes, tem sido apresentada como exemplo no controle do novo coronavírus nesta pandemia. Lá, a primeira-ministra Jacinda Ardern tomou as rédeas e estabeleceu medidas que foram seguidas rigidamente pela população.
Resultado: desde o início da pandemia, o país registrou 25 mortes por Covid-19 e 1.900 casos. Em maio, Ardern anunciou a primeira vitória no combate ao coronavírus, depois da adoção de medidas de confinamento total no país. Foram 102 dias sem transmissão comunitária após o fim das restrições.
Em agosto, um novo foco da doença foi detectado em Auckland, cidade de 1,6 milhão de habitantes. Novas medidas de confinamento foram adotadas e, neste mês, depois de 12 dias sem registro de novos casos, as autoridades nacionais anunciaram o fim das restrições, em 7 de outubro. Foi a segunda vitória.
No Brasil, no Amazonas e em Manaus, nunca se chegou a adotar medidas restritivas severas. O vírus chegou, matou milhares de pessoas (já são 157 mil mortes no Brasil e 4.460 no Amazonas), deu uma trégua em Manaus, mas nos últimos meses ameaça a voltar com força.
Por aqui, apenas os bares, balneários e casas de festas continuam fechadas por ordem das autoridades locais.
As escolas estaduais voltaram a funcionar. Os shopping centers foram reabertos obedecendo medidas de segurança, como o controle de clientes, mas agora liberaram as portas. O que se viu no feriado de 12 de outubro foi aglomerações nesses locais. Os ônibus superlotados também são locais de aglomeração de pessoas.
Como não há comando unificado, mas, pelo contrário, autoridades puxando a corda para todos os lados, a população também se divide entre os que defendem as medidas restritivas e os que querem a liberação geral das atividades.
Outros criticam determinados comportamentos, como por exemplo, as atividades de campanha que geram aglomeração, enquanto defendem a abertura de bares e flutuantes de lazer, sob o argumento de que proprietários e funcionários dependem financeiramente dessas atividades.
De fato, as medidas de combate ao coronavírus são confusas, os brasileiros não as respeitam e, enquanto isso, a doença avança e continua matando, em ritmo menos acelerado, mas em marcha, sem perspectiva de chegada, como fez a Nova Zelândia.
Para acabar de completar, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o governador de São Paulo, João Doria, travam uma batalha política em torno da vacina que pode evitar a disseminação do vírus.
Até bem pouco tempo, a vacina era vista pelos brasileiros como a única salvação para conter a Covid-19. Agora, o país está dividido entre os que não querem tomar a vacina (caso de Bolsonaro) e os que querem que ele chegue logo e seja obrigatória para todos os brasileiros (caso de Doria).