Da Redação
MANAUS – Parte das escolas da rede estadual no Amazonas terão cinco horas diárias de atividade escolar a partir de 2017. Hoje, o tempo é de quatro horas. A mudança é a primeira da reforma do Ensino Médio, que estabelece a ampliação da jornada escolar para sete horas diárias. “Selecionaremos as escolas com quadras, com laboratório, que precisam de investimento mínimo, para já fazê-lo em 2017. As que precisam de adequação maior, de quadras de esporte, gradativamente vamos estruturando”, disse à Agência Brasil (ABr) o secretário de Estado da Educação, Algemiro Ferreira. O secretário declarou que o Estado pretende começar oferecendo o que falta às escolas que já têm mais recursos.
Algemiro Ferreira defende que a reforma seja feita gradativamente. “Não se consegue fazer um reordenamento de uma vez só”, disse, ao comentar que o Estado passa por dificuldades financeiras, como o restante do país, e que isso também freia a implementação em curto período de tempo.
Quanto à estrutura curricular, o projeto estabelece que parte do Ensino Médio seja voltada para os conteúdos que serão definidos na Base Nacional Comum Curricular, atualmente em discussão no Ministério da Educação (MEC), e parte para itinerários formativos, que serão escolhidos pelos estudantes. A proposta do governo define cinco itinerários: linguagens; matemática; ciências da natureza; ciências humanas; e formação técnica e profissional. Com a flexibilização, apenas português e matemática serão obrigatórios nos três anos do ensino médio.
Conforme Algemiro, um dos modelos que o Amazonas examina é perguntar para os estudantes o que eles querem cursar, qual itinerário formativo pretendem seguir em cada escola e, a partir daí, a secretaria oferece, de acordo com a demanda. “Não é simples, mas é o caminho que eu defendo, não dá para colocar o aluno no centro da discussão e não contemplar os sonhos e as vontades dele”, disse em entrevista à Agência Brasil.
A MP (Medida Provisória) nº 746/2016 sofre resistência no país por parte de professores, educadores e estudantes, que promovem atos, greves e ocupações em diversos Estados. Para os secretários, o desafio é também promover o diálogo com os diversos setores da educação.
Nesta semana, o senador Pedro Chaves (PSC-MS), relator do projeto, deverá apresentar seu parecer à comissão mista que analisa a medida no Congresso Nacional. Às vésperas da apresentação, no encontro do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que ocorreu até a última sexta-feira, 25, em Brasília, a ABr ouviu alguns dos secretários sobre as mudanças.
Atualmente, o Ensino Médio tem 8,1 milhões de matrículas, a maioria em escolas públicas (87%) da rede estadual (80%), ou seja, a implementação da MP recairá principalmente sobre os Estados. As realidades são diferentes em cada unidade da Federação. Algumas estão mais adiantadas e pretendem começar a colocar o modelo em prática em 2018, como São Paulo. Para o Rio de Janeiro, a crise financeira implica que o estado tome “uma fase de cada vez”.
(Com ABr/Agência Brasil)