Motoristas e cobradores de duas empresas paralisaram as atividades na manhã desta terça-feira e deixaram 350 mil pessoas sem ônibus
MANAUS – Durante a paralisação dos trabalhadores da empresa Global Green, na zona leste de Manaus, motoristas e cobradores do sistema de transporte de passageiros estenderam faixas em que cobravam promessas que, segundo eles, foram feitas pelo prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) e não cumpridas até hoje. Uma dessas promessas, exposta em uma faixa, na garagem da empresa, é o piso salarial de mil passagens de ônibus para motoristas (o que daria atualmente R$ 2,75 mil). Os rodoviários escreveram: “Arthur, cadê as mil tarifas de salários? Seu mentiroso”.
Como motivo para a paralisação, realizada em duas empresas (a outra foi a São Pedro, que atende a zona oeste e parte da zona norte), os rodoviários reivindicavam o pagamento de rescisões de trabalhadores demitidos, concessão de férias atrasadas e a readmissão de funcionários demitidos.
O prefeito Arthur Virgílio Neto repudiou a greve de ônibus que pegou a população e a administração pública de surpresa, e determinou ao procurador-geral da Prefeitura de Manaus em exercício, Rafael Albuquerque, que pedisse ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) a adoção de medidas que normalizem a prestação do serviço e para que novas paralisações sejam evitadas.
Para o prefeito Arthur Neto, a motivação política é a única justificativa para o ato da categoria. “A empresa Global já tinha fechado um acordo em cima das férias. O resto está em dias. A São Pedro é uma empresa que trabalha muito bem, mas o pessoal do sindicato tem uma briga com eles e por isso o envolvimento dos trabalhadores na greve. No final, quem perde é a população. Eu sempre respeitei os líderes sindicais, mas quando eles prejudicam o meu povo, eu não posso aceitar”, afirmou o prefeito.
O procurador-geral da Prefeitura de Manaus em exercício, Rafael Albuquerque, esteve no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na manhã desta terça-feira, para que sejam adotadas medidas que normalizem a prestação do serviço de transporte na cidade e para que novas paralisações sejam evitadas. O dissídio que havia sido acordado com a categoria ainda está sob análise do TRT e a prefeitura pediu que o sindicato fosse multado em R$ 1 milhão.
Outro pedido foi a desobstrução das garagens, garantindo aos motoristas e cobradores que não querem aderir à paralisação a continuidade dos trabalhos. A prefeitura pede também que sejam adotadas providências criminais pelo descumprimento da ação preventiva deferida pelo TRT, em maio deste ano, em favor do Município, impedindo novas paralisações fora das hipóteses legais.
Pela decisão liminar, o presidente do sindicato e demais dirigentes deveriam manter distância de 50 metros das portas das garagens e dos terminais e se abster de qualquer ato de violência ou depredação do patrimônio público ou privado e de impedimento da circulação normal dos veículos.
Os pedidos da Prefeitura de Manaus estão sendo analisados pelo TRT e a decisão deve ser divulgada ainda nesta terça-feira.
No final da manhã, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Manaus (Sinetram) também ingressou com uma ação no Tribunal Regional do Trabalho pedindo a prisão dos líderes sindicais dos rodoviários por conta da paralisação nas duas empresas. O sindicato patronal também pede a aplicação de multa no valor de R$ 50 mil para o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Manaus (STTRM) por hora que as duas empresas ficarem paradas.
Nas empresas, na manhã desta terça-feira, os sindicalistas estavam ausentes e os trabalhadores afirmavam que a paralisação foi feita por conta deles, sem a participação do sindicato.
Veja as imagens com as mensagens dos rodoviários contra o prefeito: