Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – O risco de transmissão do coronavírus caiu de uma média de 3 a 4 para 1,58 no Amazonas, mas ainda é alto, segundo relatório da Imperial College London, feito por cientistas do Centro Colaborador da OMS (Organização Mundial de Saúde), que analisou 16 estado do Brasil.
Isso significa que antes uma pessoa infectada poderia transmitir o vírus para 3 ou 4 outras pessoas, em média. Agora, essa contaminação pode ocorrer no máximo a outras duas pessoas.
Todos os 16 estados brasileiros analisados apresentaram redução. O Amazonas tem o terceiro nível mais alto, estando abaixo do Ceará (1,61) e do Pará (1,90). Para o vírus não ser considerado uma epidemia, o nível precisa ser abaixo de 1. A última linha da tabela abaixo aponta os dados.
Segundo o relatório, a reprodução do vírus caiu “drasticamente após a implementação de intervenções de saúde pública”, com queda da mobilidade caindo em média 29% no Brasil.
Os cientistas afirmam que o ideal seria a redução da transmissibilidade abaixo de 1, o que ainda não aconteceu em nenhum lugar do país. Na Itália, isso foi possível quando o país alcançou queda de mobilidade de 53%.
Para os cientistas, o resultado mostra que os números devem continuar a crescer nos estados, caso as medidas de restrições não sejam implementadas.
“Esses resultados sugerem, portanto, que, na ausência de intervenções adicionais, é esperado um crescimento substancial da epidemia em todos os 16 países brasileiros. Levando ao agravamento da crise de saúde pública do Covid-19”, dizem no relatório.
No gráfico abaixo, é possível perceber que o nível de transmissão foi reduzindo ao mesmo tempo em que os bloqueios sociais foram acontecendo no Amazonas.
O triângulo lilás mostra o momento em que as aulas foram suspensas e logo a curva regride, depois o quadrado verde aponta quando o comércio não essencial fechou e a curva continuou achatando. Veja o terceiro:
O estudo também mostrou que 10% dos habitantes do Amazonas já foram infectado pelo vírus, mas considerando uma subnotificação de 50% de mortes, a taxa vai para 19,90% no estado.
Os cientistas estimam que para evitar uma crise de coronavírus em local com medidas restritivas relaxadas, 70% da população já deveria ter contraído o vírus e estar imune, é o que eles chamam de “imunidade de rebanho”.
“A parcela estimada da população infectada até o momento permanece muito aquém do limiar de imunidade de rebanho de 70% necessário para impedir o rápido ressurgimento do vírus se as medidas de controle estiverem relaxadas”, diz o relatório.
Em análise nas redes sociais, o doutor em virologia Átila Iamarino comentou que a taxa de infectado no Amazonas é alta para o tempo em que foi confirmado o primeiro caso e que talvez o vírus já estivesse circulando no estado antes.
Os números do Amazonas e a presença do vírus em tribos e garimpo em uma região onde o deslocamento é tão lento me fazem acreditar que o vírus entrou bem antes lá. E a Zona Franca de Manaus é um ponto de entrada perfeito”, disse.
Isolamento social
Alinhada com o que mostram os cientistas sobre a redução da transmissibilidade no Amazonas e as medidas restritivas no estado, a empresa de tecnologia In Loco mostrou em seu mapa de isolamento que na última semana cerca de 48% da população amazonense cumpriu o isolamento social, chegando a 50% no domingo, 10.
A empresa trabalha com 30 vezes mais precisão que a do GPS e do Google Maps. O Pará alcançou 55%, sendo o maior nível, e Goiás 40%, sendo menor resultado.
No Amazonas, 12.599 pessoas já testaram positivo para o novo coronavírus, segundo a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde).
Dos 62 municípios do estado, 56 municípios foram infectados, contando com a capital, no interior o município de Manacapuru (distante 101 km de Manaus) se destaca com 900 casos confirmados da doença.
Na verdade o que já está acontecendo em Manaus é o efeito rebanho, e não ações concretas de saúde pública!