MANAUS – No mês passado, o Procon do Amazonas fez barulho depois de reportagem do ATUAL sobre uma alta injustificada no preço do cimento em Manaus, autuou revendedores e prometeu punição aos que porventura praticassem abuso na relação de consumo.
Como resposta, os revendedores deram mais uns três aumentos de preços. Na prática, como se diz popularmente, deram uma “banana” ao Procon e empurraram mais reajuste goela abaixo do consumidor.
Até o início de julho, a saca de cimento em Manaus era vendida em média a R$ 27. Algumas lojas vendiam a saca de 42,5 quilos por até R$ 26. A partir da primeira quinzena de julho os preços começaram a subir e não pararam mais.
Nesta semana, um novo reajuste e chegou-se a R$ 42 (menor preço) a saca de 42,5 quilos. Um aumento de 55,55% em menos de dois meses. Em julho, a inflação medida pelo IBGE, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 0,36%.
Como se vê na reportagem desta quinta-feira, 27, do ATUAL, o preço do cimento é estável no restante do país e sofre variação absurda apena na região norte.
No dia 14 de julho, o Procon do Amazonas notificou quatro lojas de materiais de construção e deu 48 horas para que apresentassem os comprovantes de preços.
A abordagem foi equivocada, porque o reajuste não é um desejo das lojas de materiais de construção, mas das fábricas e fornecedores de cimento para o Amazonas.
Em outra reportagem, no dia 25 de julho, o ATUAL mostrou um documento da Votorantim anunciando um novo reajuste no preço da saca de cimento de 42,5 quilos para o Amazonas e Roraima.
Para justificar os reajustes, as fábricas começaram a sonegar o produto, que está em falta em Manaus. As lojas de materiais de construção não conseguem atender aos pedidos dos clientes. E a cadeia inteira aplica a lei da oferta e da procura: com o cimento em falta, aumenta-se o preço.
E o Procon faz papel de bobo, enquanto o consumidor é obrigado a pagar o preço da ganância de um seguimento na maior crise econômica e sanitária que o mundo já enfrentou.