Da Redação
MANAUS – O InfoGripe, boletim da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), mostra que Manaus está entre as oito capitais que tiveram queda de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda), mas alerta que essa sinalização pode estar subestimando o cenário atual. Segundo a instituição, entre os registros com resultados positivo para os vírus respiratórios, 96,7% dos casos e 99,1% dos óbitos são em decorrência da Covid-19.
Além de Manaus, as capitais com queda de casos de SRAG foram Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (plano piloto e arredores, DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, afirma que há uma série de fatores que podem gerar falsa impressão de queda como, por exemplo, o aumento no represamento de dados a partir de dezembro, o que reflete na demora para registro e divulgação de casos identificados nas unidades de saúde.
“Nos boletins recentes do InfoGripe, ilustramos o impacto que o aumento do represamento de dados no final do ano causou nas estimativas, gerando subestimativa e sinal de queda durante período em que ainda havia crescimento. No entanto, estamos observando uma melhora gradativa em relação ao represamento, embora alguns locais ainda estejam apresentando impactos importantes, como é o caso de Manaus”, afirmou o pesquisador.
De acordo com a análise, isso ocorre seja por aumento da demanda hospitalar, seja por esgotamento das equipes de saúde por conta da carga de trabalho. Outro fator seria a multiplicidade de sistemas de informação, o que levaria as equipes a darem preferência a notificar nos sistemas locais em detrimento do sistema nacional, como o Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe), entre outros fatores.
Marcelo esclarece ainda que o efeito do represamento ocorrido em dezembro e começo de janeiro, que leva à subestimação de casos por data de ocorrência, gera o efeito inverso quando os casos são avaliados por data de divulgação.
Segundo o pesquisador, o acúmulo de grande volume de casos antigos sendo divulgados ao longo do mês de janeiro gera uma impressão de aumento expressivo, mas que está associada a casos antigos, não necessariamente a casos que estão ocorrendo agora.
“Por isso a importância de dar preferência para análises com base em primeiros sintomas, data de internação ou data do óbito, não data de divulgação de casos ou óbitos. O Brasil possui grupos de pesquisa com experiência em lidar com o efeito do atraso para gerar estimativas adequadas como as utilizadas no sistema InfoGripe e InfoDengue, que servem de apoio à vigilância nacional de vírus respiratórios e arboviroses”, diz o pesquisador.
Casos de SRAG e Covid-19 no país
De acordo com a Fiocruz, desde 2020 até a presente atualização, divulgada na última sexta-feira, 12, foram reportados um total de 754.025 casos de SRAG.
Destes, 56.175 são referentes ao ano epidemiológico 2021, sendo 28.816 (51,3%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 8.660 (15,4%) negativos, e ao menos 12.619 (22,5%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos, 0,0% Influenza A, 0,0% Influenza B, 0,5% vírus sincicial respiratório (VSR), e 95,2% Sars-CoV-2 (Covid-19).
Em 2020, foram notificados 697.850 casos, sendo 399.504 (57,2%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 209.316 (30,0%) negativos, e ao menos 47.905 (6,9%) aguardando resultado. Dentre os casos positivos, 0,3% Influenza A, 0,2% Influenza B, 0,3% vírus sincicial respiratório (VSR), e 97,9% Sars-CoV-2 (Covid-19).
O boletim diário de Covid-19 da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) desta terça-feira, 16, indicou 1.808 novos casos do novo coronavírus, totalizando 297.687 casos da doença no estado.
Segundo o boletim, foram confirmados 108 óbitos por Covid-19, sendo 55 ocorridos na segunda-feira, 15, e 53 óbitos foram encerrados por critérios clínicos, de imagem, clínico-epidemiológico ou laboratorial, elevando para 10.100 o total de mortes.