Do ATUAL, com Estadão Conteúdo
MANAUS – O embate nas eleições gerais de 2022 entre PT e PL não se repetiu no âmbito municipal, após o segundo turno no domingo (27). O bolsonarismo perdeu força e o antipetismo se fortaleceu. Mas o primeiro sai das urnas mais debilitado. A fúria política que impulsionou Bolsonaro e seus adeptos em 2018 foi ofuscada pela moderação da centro-direita nos municípios, em que o eleitor sente os efeitos da gestão pública na prática.
Nesse contexto, o PSD foi o grande vencedor ao eleger 887 prefeitos. O MDB elegeu 856. Na sequência, o PP alçou 747 candidatos às prefeituras; o União, 584. Só depois aparece o PL: 516. O Republicanos tem 435 prefeitos e o PSB, 309. O combalido PSDB elegeu 273; o PT, 252, e o PDT, 151.
O PT aumentou o número de prefeituras conquistadas em comparação com 2020, mas foi apenas o nono partido com mais prefeitos eleitos.
A configuração eleitoral municipal mostra o domínio de partidos de centro em oposição aos de esquerda ou ao PL, de extrema-direita. O segundo turno também representou a vitória política de governadores que apoiaram correligionários. Os candidatos venceram em 35 cidades, 70% dos 50 municípios onde governadores apoiaram aliados.
Entre as 15 capitais que voltaram às urnas, a proporção de vitórias dos governadores foi um pouco menor: foram 9 vitórias de aliados, ou 60% das capitais. É o caso de São Paulo, onde Ricardo Nunes (MDB) conseguiu se eleger com o apoio de Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Belém, onde Igor Normando (MDB), aliado do governador paraense Helder Barbalho (MDB), também triunfou.
Algumas das disputas deste domingo opuseram apostas dos governadores contra nomes endossados por lideranças nacionais. Em Goiânia, o governador Ronaldo Caiado (União) travou disputa direta com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno entre Sandro Mabel (União) e Fred Rodrigues (PL). Mabel, aliado de Caiado, saiu vitorioso.
Em Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD) foi eleito com o apoio do governador Ratinho Júnior (PSD) e, apesar de estar coligado com o PL de Jair Bolsonaro, teve de lidar com acenos de Bolsonaro à sua adversária Cristina Graeml (PMB), que terminou derrotada. Em Olinda (PE), a candidata apoiada pela governadora Raquel Lyra (PSDB), Mirella Almeida (PSD), derrotou o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Vinicius Castello (PT).
“Os governadores, quando apresentam candidatos como uma parceria, fazem uma forte sinalização para o eleitor de que existirão recursos e energia conjunta em prol das cidades”, disse o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “O fato de o governador estender o apoio a um candidato tem uma força simbólica enorme, mais até, como vimos nessa eleição, do que as figuras nacionais, como Lula e Bolsonaro”.
O alinhamento entre prefeitos e seus respectivos governadores é visto como uma via de mão dupla: para os gestores municipais, estar do lado do governo estadual é visto como garantia de acesso facilitado a dinheiro para investimentos; para os governadores, a relação se traduz em força política, com a atuação de cabos eleitorais espalhados pelos rincões do País.
Confira os partidos que mais elegeram candidatos às prefeituras
PSD – 887
MDB – 853
PP – 747
União – 583
PL – 516
Republicanos – 433
PSB – 309
PSDB – 272
PT – 252
PDT – 150
Avante – 136
Podemos – 127
PRD – 76
Solidariedade – 62
Cidadania – 33
Mobiliza – 20
PC do B – 19
Novo – 19
PV – 14
Rede – 4
Agir – 3
DC – 2
PMB – 2
PRTB – 1