
Da Folhapress
BRASÍLIA – Em depoimento à CPI da Covid, na manhã desta terça-feira, o ex-chanceler Ernesto Araújo reconheceu que a proximidade do governo Jair Bolsonaro com o americano Donald Trump não resultou em vantagens e contribuições para a aquisição de vacinas contra a Covid-19 pelos brasileiros.
O ex-chanceler havia sido questionado especificamente sobre os benefícios da relação privilegiada entre os governos, pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL).
Ernesto justificou que os Estados Unidos estabeleceram uma proibição de exportação de vacinas contra a Covid, que foi direcionada a todos os países do mundo e não especificamente ao Brasil. Por isso o Brasil não obteve vantagens na compra das imunizações.
Coronavac
Ernesto Araújo também reconheceu que o Ministério das Relações Exteriores e tampouco ele próprio se envolveu nas negociações para a compra da vacina Coronavac.
“A China é o país onde se produzem tanto vacinas. Vacinas CoronaVac estão sendo importadas pelo Instituto Butantan, e as tratativas, segundo entendo, são diretamente entre o Instituto Butantan e os fornecedores chineses, pelo menos durante a minha gestão foi assim”, afirmou.
“E a China também é o país onde se produzem os insumos que estamos importando para a produção da vacina AstraZeneca no Brasil antes de nos tornarmos autossuficientes também e não dependermos mais da importação de insumos. A China, por suas autoridades, já nos informou, inclusive publicamente, que o Brasil é o país que mais recebeu insumos e vacinas produzidos pela China”, afirmou.
Diplomacia
O ex-chanceler negou que sua gestão priorizou um alinhamento com os Estados Unidos. Ernesto afirmou que apenas houve uma reaproximação com os americanos, após um período de distanciamento dos governos anteriores.
Ernesto Araújo também afirmou que não houve enfrentamento com a China. “Jamais promovi nenhum atrito com a china, seja antes ou durante a pandemia”, afirmou, quando questionado se sua gestão supostamente confrontadora com o país asiático prejudicou a aquisição de vacinas.
“Os resultados que obtivemos na aquisição de vacinas eles decorrem de acordo com uma política externa que foi implementada de acordo com nossos objetivos”, completou.