Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – A vacinação de profissionais de saúde de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) no primeiro dia de imunização contra a Covid-19 em Manaus não deveria ter ocorrido, afirmou ao ATUAL o procurador-chefe do MPT (Ministério Público do Trabalho) no Amazonas e Roraima, Jorsinei Dourado do Nascimento. Segundo o procurador, a prioridade era de quem atua em hospitais com atendimento em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e emergência.
Jorsinei Dourado afirma que o MPT e outros órgãos de controle precisaram fazer mudanças na lista de prioridade na vacinação da Semsa (Secretaria Municipal de Saúde).
“A lista que foi divulgada pela Semsa foi uma lista construída com o apoio do Ministério Público do Trabalho. Inclusive nós fizemos várias alterações porque estavam querendo vacinar pessoas que efetivamente não estariam ali diretamente à exposição ao risco como prioritário”, diz.
O procurador afirma que em Guia Técnico elaborado pelo órgão o termo ‘linha de frente’ é contestado enquanto expressão que classifica quem tem direito à prioridade na vacinação. “Esse negócio de linha de frente, para o Ministério Público do Trabalho, não é a palavra-chave para estabelecer a priorização”, diz.
Para Dourado, a exposição direta aos riscos é a expressão mais adequada.
“O guia dá esse contorno justamente de orientação, porque a palavra-chave, até com base no que a OMS (Organização Mundial de Saúde) e próprio Ministério da Saúde colocam, é que a prioridade em relação aos profissionais de saúde, especificamente, é com aqueles que estão expostos diretamente ao risco”, diz.
“Por isso que a gente fala de UTI, emergência e não aquelas UBSs, que são da Prefeitura, que acabaram sendo vacinadas mais de 1 mil pessoas lá no primeiro dia da vacinação. Essas pessoas não poderiam nem ter sido vacinadas, porque contraria toda a política de vacinação”, afirma.
Foi o caso das médicas recém-formadas Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins, nomeadas com outros oito médicos às vésperas da vacinação, todos lotados em UBSs.
No primeiro dia de imunização, 19 de janeiro, receberam a primeira dose da Coronavac antes dos profissionais de saúde dos hospitais de urgência e emergência em Manaus, onde são atendidos os casos graves de Covid-19. Decisão da Justiça Federal impediu que tomassem a segunda dose.