Da Agência Câmara
BRASÍLIA – No mundo transformado pela comunicação digital, é necessário que o Poder Público desenvolva linguagens cada vez mais acessíveis para todos os públicos, como pessoas com deficiência intelectual, analfabetas funcionais ou imigrantes. Essa foi a conclusão dos participantes de audiência pública promovida na Câmara dos Deputados pela Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
A linguagem típica da administração pública, ressaltaram os debatedores, é marcada pelo formalismo, distante da abordagem usada no cotidiano. Isso, alertaram eles, dificulta a compreensão de textos e pode ser um obstáculo ao direito de acesso à informação e a serviços públicos básicos.
“As informações essenciais ao público devem ser apresentadas em linguagem simples, com frases curtas e imagens que apoiam o significado das palavras”, disse a criadora do Gadim Brasil (Aliança Global para Inclusão das Pessoas com Deficiência na Mídia e Entretenimento), Patrícia Almeida.
Ela destacou a importância da comunicação simples não só para pessoas com deficiência intelectual, mas também para os analfabetos funcionais, que representam 30% da população brasileira, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional, pesquisa do Instituto Paulo Montenegro em parceria com a ONG Ação Educativa.
Compreensão
Fundadora do Comunica Simples, assessoria de aprendizagem que ensina técnicas de redação da linguagem simples, Heloísa Fisher explicou que o ideal é trabalhar com até 15 palavras em uma frase e usar vocábulos fáceis de entender por quem não é especialista no assunto retratado. “A maioria absoluta da população tem dificuldade em compreender textos.”
Heloísa acrescentou que a comunicação simplificada também pode facilitar o acesso à informação para imigrantes e refugiados que ainda são pouco familiarizados com a língua local.
Direito
Autora do requerimento para realização da audiência, a deputada ERrika Kokay (PT-DF) lembrou que a comunicação é um direito básico para a dignidade humana. “Quem não domina as linguagens tem dificuldade de estabelecer vínculos com o outro, de desenvolver sua inteligência”. Ela destacou que a Câmara precisa elaborar proposições com o intuito de se criar uma política nacional de comunicação mais inclusiva.