MANAUS – O prefeito de Coari, Raimundo Magalhães, e o controlador-geral do Município, Fábio Tavares Amorim, protocolaram nesta terça-feira, 13, na Procuradoria Geral da República, em Brasília, 46 queixas-crime contra a administração anterior da prefeitura do município. As denúncias são de desvio de recursos públicos da Saúde, Educação e Assistência Social. “Ainda faltam mais dez queixas-crime, que vamos ingressar nos próximos dias. Ingressamos também com representações no Ministério Público, hoje, aí no Amazonas, contra ex-gestores que retiraram dinheiro dos cofres da prefeitura e não prestaram contas, não fizeram a devida contabilização que é necessária”, disse o controlador-geral do município, apontando que os desvios de recursos públicos já chegam a R$ 100 milhões, mais deve ultrapassar esse valor.
Segundo o controlador, a maioria das queixas-crime são relacionadas aos recursos da Educação. “Exemplo disso é a construção de creches, onde 50% dos recursos federais foram repassados ao município, o dinheiro foi retirado das contas, mas as creches não foram construídas. Têm desvio de recursos também do PDDE – programa federal Dinheiro Direto nas Escolas -, e Pnate (Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar) e vários outros programas, todos na área de educação”, afirmou.
O resultado desse desvio dos recursos públicos ocorridos anteriormente fez com que várias contas da Prefeitura de Coari tivessem seus recursos bloqueados. “Neste mês, por exemplo, a Prefeitura de Coari teve que pagar a folha dos funcionários da Educação do município com recursos próprios porque os repasses do FNDE foram bloqueados. E a situação é essa, é crítica, grande parte dos recursos estão contingenciados, a Prefeitura não vai poder usar, creches que não vai poder construir. Unidades Básicas de Saúde (UBSs), foram mais de 11 que foi passada a primeira parte do recurso e o dinheiro não foi aplicado como deveria. Perdemos a Unidade Básica de Saúde Fluvial, um projeto piloto foi feito em Coari. O Ministério da Saúde adotou como projeto padrão para outros municípios e somente nós é que não temos UBS Fluvial. Nós demos a ideia, somos pioneiros e não temos”, afirmou Amorim.
Entre as queixas-crime também está uma sobre as academias ao ar livre. “Recebemos a notícia hoje de que o projeto não vai ser liberado, perdemos de vez esse projeto, e os recursos que tinham sido liberados vão ter que ser devolvidos por causa da falta de seriedade de gestores anteriores com o dinheiro público”, lamenta o controlador.
Ministérios
O prefeito de Coari, Raimundo Magalhães, disse que vai bater na porta de todos os Ministérios na tentativa de reverter a situação dos convênios e garantir os repasses de recursos. “O que a gente não conseguir junto aos ministérios, já que se está vivendo essa crise econômica e ainda tem o desvio de recursos públicos que ocorreu em Coari, estamos lutando para transformar isso em emendas parlamentares”, disse.
A Prefeitura de Coari foi administrada pelo ex-prefeito Adail Pinheiro de 1° de janeiro de 2013 até 8 de fevereiro de 2014, quando ele foi preso por suspeita de exploração sexual de crianças e adolescentes e trazido para Manaus. No lugar dele, o vice-prefeito eleito, Igson Monteiro, assumiu a administração do município. Meses depois, Igson renunciou ao mandato e no lugar dele assumiu o então presidente da Câmara Municipal de Coari, Iliseu Monteiro, irmão de Igson. Em março deste ano, os vereadores afastaram Iliseu do comando da CMM e, consequentemente, da Prefeitura de Coari. Em nova eleição da Mesa Diretora do Poder Legislativo, os vereadores elegeram Iranilson Medeiros, que também virou prefeito até que Raimundo Magalhães assumisse o cargo, em abril deste ano.