
Do ATUAL
MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), endossou as críticas de governadores do Norte e Nordeste contra as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre uma frente para “protagonismo” do Sul e Sudeste. Lima classificou a fala do colega como “ruim” e disse que “a pobreza se concentra no Norte e no Nordeste”.
“Uma declaração dessa é muito ruim porque a pobreza se concentra no Norte e no Nordeste. Sul e Sudeste não querem abrir mão do que eles têm em termos de competitividade, mas é necessário um equilíbrio. É muito perigoso estabelecer um cabo de guerra entre as regiões e colocar uma população contra a outra“, afirmou o governador do Amazonas ao jornal Estadão.
Em entrevista publicada no sábado (5), Zema afirmou que os governadores do Sul e Sudeste querem “protagonismo político” e irão atuar em bloco para evitar perdas econômicas contra outras regiões. Ele mencionou que, na reforma tributária, o grupo já começou a “mostrar peso”, evitando a criação de um conselho federativo desfavorável às duas regiões.
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, afirmou Zema ao Estadão.
Na reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados, há a previsão da criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional para diminuir as disparidades regionais. A divisão dos recursos tem mobilizado estados do norte, nordeste e centro-oeste.
“Está sendo criando um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade? Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, emendou o governador. “Já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político”.
As falas de Zema foram defendidas pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que alegou “equilíbrio”.
“Nunca achamos que os Estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais Estados. Ao contrário: a união deles em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos estados do Sul e Sudeste”, disse o governador gaúcho ao Estadão.