
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O senador Plínio Valério (PSDB) afirmou, em entrevista ao ATUAL nesta segunda-feira (19), que não se considera bolsonarista, mas que não “fala mal” do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sobre seu eleitorado, o parlamentar disse que herdou o “exército invisível” do senador Jefferson Peres, que era filiado ao PSDB e ocupou uma vaga no Senado Federal entre 1995 e 2003.
“Algumas pessoas querem desmerecer as tuas conquistas e tuas vitórias”, disse Plínio, ao ser questionado se havia sido eleito na onda bolsonarista, em 2018. “E outro objetivo é me chamar de bolsonarista para ver se falo mal do Bolsonaro. Eu não sou bolsonarista, mas não falo mal do Bolsonaro. Isso não me envergonha”, completou o parlamentar.
Plínio foi eleito com 834.809 votos — 227 mil a mais que o senador Eduardo Braga (MDB), eleito para a segunda cadeira, com 607.286 votos.
Ao argumentar que não foi eleito na “onda bolsonarista”, Plínio disse que, no primeiro turno, teve “o dobro de votos do Bolsonaro”. “Logo, eu não fui na onda do Bolsonaro. Mas eu recebi, sim, apoio de grupos bolsonaristas”, afirmou.
Os dados do TSE contradizem a declaração de Plínio. Em todo o Amazonas, Bolsonaro recebeu 805.902 votos no primeiro turno e 885.401 no segundo, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em Manaus, o ex-presidente recebeu 620.178 votos no primeiro turno e 686.999 no segundo.
Para o senador, associar sua vitória à mobilização bolsonarista é uma tentativa de enfraquecê-lo. “Querer dizer que eu fui na onda é para dizer que eu não ganho, não me reelejo. Eu estou convivendo com isso tranquilo. Não vão me jogar contra o Bolsonaro, não”, afirmou Plínio.
Reeleição
Plínio confirmou que disputará a reeleição e voltou a afirmar que quer a participação do governador Wilson Lima (União Brasil).
“Em 2018 você tinha o Alfredo Nascimento, a Vanessa Grazziotin — senadora — e o Eduardo Braga. A eleição de 2026 vai ser tão dura quanto a outra. A vantagem é que o Wilson Lima vem. E é mais um pra gente derrotar. Mais um para derrotar e ver o que o pessoal vai dizer”, disse Plínio.
“Quando eu digo ‘a gente derrotar’ é ‘o amazonense derrotar’. Não digo o amazonense que nasceu aqui, mas o amazonense que vive aqui, que sabe da nossa necessidade, que sabe o quanto é importante a BR-319, a Zona Franca de Manaus…”, completou o senador.

Plínio afirma que “a turma do Bolsonaro” deverá apoiar um senador que enfrente o STF (Supremo Tribunal Federal) — e que ele é a melhor opção.
“Qual vai ser o mote da próxima campanha para a turma do Bolsonaro? Eleger senador que não tenha medo do Supremo. Ninguém ousa mais enfrentar o Supremo do que eu. Então, nesse ponto, a gente se encaixa”, afirmou.
“Outra coisa: são dois votos. A vinda do Alberto é boa porque reforça. O Alberto, pelo PL, é bolsonarista assumido. Meu amigo, é muito bom. São dois votos. E a gente continua fazendo o trabalho. Eu não tenho receio de ninguém. Eu quero que o Wilson venha também”, completou.
Herança
Ao ser questionado sobre seus eleitores, Plínio disse que herdou um “exército invisível” do senador Jefferson Peres. “Eu já tinha eleitores quando disputava [o Senado] ainda com o senador Jefferson Peres. Eu sempre tive eleitores. Disputei com ele a eleição do Senado, quando ele se elegeu. E o upgrade veio com a ausência do senador Jefferson Peres”, afirmou.
“Ele dizia que tinha um exército invisível. Ele não aparecia em pesquisas. Ele tinha um exército invisível. Esse exército invisível eu herdei. Então, a gente fica tranquilo em relação à eleição em Manaus”, completou Plínio.
O senador lembrou a quantidade de votos que recebeu na capital amazonense e afirmou que espera o retorno do trabalho realizado em todo o Amazonas durante o mandato.
“A gente trabalha, claro, para ter voto no interior. Eu tive 635 mil votos em Manaus. O Eduardo teve 608 mil em todo o estado. E depois eu tive mais 200 mil no interior. Agora, com emendas em todos os municípios, com trabalho em todos os municípios, a meta é ter mais do que isso. A gente fez o trabalho tranquilo, e o eleitor decide”, afirmou Plínio.
O senador também criticou as pesquisas sobre intenção de voto. “Quando você vê pesquisas que tentam desqualificar, normalmente eles não falam para o eleitor assim: ‘quais os dois que você escolhe nessa relação?’. Eles perguntam: ‘qual você escolhe?’. Quando perguntam dos dois, eles se assustam. Quando eu não sou o primeiro, eu sou o segundo”, disse Plínio.