MANAUS – Questão naturalmente econômica, a retirada da Petrobras da exploração de petróleo e gás no Amazonas foi transformada em palanque com muita pirotecnia política.
Esse ambiente favorece duas situações: desvia-se o foco do que realmente interessa – o desinteresse da estatal em manter investimentos na atividade petrolífera em terra, que passa a ser feito pela iniciativa privada, seguindo tendência mundial – e cria-se um problema que não existe, mas, uma vez inventado, serve apenas para dar projeção midiática e protagonismo eleitoral.
A falácia de que a empresa “abandou” o estado porque rejeita o monopólio da Cigás cria um clima que favorece atores envolvidos em tirar proveito político da situação, mas em nada muda a realidade.
A Petrobras, acertadamente, concentra investimentos onde é mais competitiva – a exploração de petróleo em águas profundas, onde as reservas são maiores – e deixará áreas de menor poder econômico para investidores que podem ampliar a prospecção.
Nesse teatro da política de ocasião, quanto mais a história parecer real, melhor para quem a narra. Aliás, o que importa é a narrativa, não o fato verdadeiro.
O caso é idêntico à Zona Franca de Manaus, causa única na qual se amparam os políticos amazonenses. As ações de reduzir incentivos fiscais no Amazonas representam uma ameaça menor do que realmente aparecem nas narrativas. Mas acabam colando, devido ao clima de comoção criando justamente com esse fim.
Em estado de emoção, a opinião pública perde a capacidade de exigir um debate racional. Torna-se massa de manobra.