Da Redação
MANAUS – Primeiro da família a alcançar o doutorado, o amazonense Patrik Viana venceu o Prêmio Capes 2021 por estudar serpentes amazônicas. Na tese “Evolução cromossômica em serpentes Neotropicais: uma abordagem comparativa”, ele analisa jiboias, sucuris, suaçuboias, jiboias-arco-íris e jiboias-esmeraldas. Questões sobre como as espécies são influenciadas pelas variáveis ambientais e se existem semelhanças genéticas foram abordadas na pesquisa.
“Todo animal tem seu papel, toda vida importa, até mesmo a de uma serpente”, disse o pesquisador. Para realizar o trabalho, ele teve de viajar pela Amazônia e identificar as serpentes, mas acabou se deparando com diferentes culturas e pessoas. “Levei conhecimento científico para esses locais, trabalhei educação ambiental. Perceber que as pessoas agora enxergam esses bichos com outros olhos, sem dúvida, é muito gratificante”, disse.
Patrik fez o ensino básico em escola pública e é bolsista da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas) desde a graduação, passou pelo no mestrado e, agora, no doutorado. “Estou agraciado com um dos prêmios científicos e acadêmicos mais importantes do país, mostrando que também somos capazes de fazer pesquisa de qualidade no Amazonas”, disse.
Sobre a pesquisa
Patrik Viana explica que a evolução cromossômica é o estudo do DNA das espécies, a partir de uma ótica temporal, na qual se olha para o passado, presente e futuro, para entender como eram as prováveis configurações cromossômicas ancestrais, ou seja, estimar como eram os cromossomos das espécies do passado e como chegaram às configurações e formas que existem atualmente.
Para além disso, “inferir como provavelmente as espécies atuais seriam e se comportariam em cenários futuros”, disse.
Com o estudo, Patrik diz que conseguiu entender como ocorreu a diversificação dos números de cromossomos das espécies de jiboias (os 36, 40 e 44), e pôde verificar quais espécies como a jiboia e a jararaca, mesmo sendo tão diferentes, possuem tanto em comum. “Várias partes de seu genoma, suas informações genéticas, foram mantidas ao longo dos milhares de anos. Ou seja, são diferentes peças nos contando a história evolutiva desse grupo de escamados tão interessantes”, explicou o pesquisador.
O estudo foi desenvolvido no Instituo Nacional de Pesquisas da Amazônia com o apoio do Centro Amazônico de Herpetologia, da Universidade Federal de São Carlos, da University Hospital Jena, na Alemanha e do Institute for Applied Ecology da University of Canberra, na Austrália.