Da Redação
MANAUS- Trinta mil mudas de três espécies de mangues serão plantadas em 12 hectares de manguezais em três reservas extrativistas no Pará. Moradores, pescadores e coletores de caranguejo ajudaram a identificar os locais mais degradados para o projeto de reflorestamento Mangues da Amazônia.
“Trata-se de um ecossistema muito importante como fonte de renda e serviços ambientais, e esse trabalho coroa a relação entre homem e natureza na região”, diz o biólogo Danilo Gardunho, coordenador do projeto. A área de manguezais é a maior do mundo em faixa contínua.
Serão usadas três espécies dominantes na região: Rhizophora mangle (mangue-vermelho), Laguncularia racemosa (mangue-branco) e Avicennia germinans (mangue-preto). As mudas foram cultivadas em dois viveiros instalados em comunidades tradicionais e irrigados naturalmente pelo fluxo das marés. Os manguezais estão localizados nos municípios paraenses de Bragança, Augusto Corrêa e Tracuateua.
“Ao contrário da costa do Nordeste, onde ocorrem impactos severos da carcinicultura, nos manguezais amazônicos não há grandes áreas devastadas e a principal questão é a retirada de madeira pelas atividades comunitárias para construir casas, cercas e currais de pesca”, explica o biólogo.
Pescadores e coletores de caranguejo também ajudam na definição do método de plantio, que é coordenado pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí com patrocínio da Petrobras e apoio do Laboratório de Ecologia de Manguezal (Lama), da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O plantio de mudas começou pela Reserva Extrativista Caeté-Taperaçu, em Bragança (PA), nos dias 26 e 27 de fevereiro, estendendo-se de 11 a 13 de março para Tracuateua e 25 a 27 para Augusto Corrêa.
O trabalho inclui a conscientização das comunidades para a conservação, especialmente por meio de atividades educativas com crianças e jovens das diferentes faixas etárias. “Isso gera uma sensação de pertencimento, porque quem planta também cuida e protege”, ressalta Gardunho.
Um guia sobre o reflorestamento será disponibilizado em formato digital no site www.manguesdaamazonia.gov.br.
“No âmbito do projeto, as atividades de reflorestamento dos manguezais têm uma abordagem preventiva, mais do que propriamente a recuperação de áreas que já foram degradadas, repondo o que foi perdido”, ressalta o pesquisador Marcus Fernandes, coordenador do Lama.
Na costa amazônica os manguezais têm sofrido poucos danos nos últimos 30 anos, com impactos que representam menos de 1% das áreas de manguezal perdidas no País. “Nossas atividades de reflorestamento são usadas no contexto da educação ambiental para sensibilizar sobre os riscos da degradação”, completa o pesquisador.