Por Alexa Salomão e Luciana Coelho, da Folhapress
DAVOS, SUÍÇA – O ministro Paulo Guedes (Economia) se reuniu nesta quarta-feira, 22, com o chanceler do Erário do Reino Unido, Sajid Javid, posto correlato ao de ministro da área econômica. O ponto central do encontro foi a negociação do acordo para evitar bitributação entre os dois países.
“Taxa sobre serviços técnicos e preços de transferência são dois últimos obstáculos a serem removidos”, disse Guedes à reportagem.
Negociação com representantes de governos faz parte da agenda da equipe econômica durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, que ocorre até sexta, 24.
Na terça, 21, Guedes também se reuniu com representantes da EFTA, associados de livre comércio que reúne Finlândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein, para alinhar pontos do acordo comercial.
“Queremos acordo com Coreia do Sul, Japão e Canadá. Tudo gradual, para dar tempo de conseguirmos juros baixos, desregulamentação, simplificação e redução de impostos. Tudo gradual, para assegurar competitividade da indústria brasileira”, disse o ministro.
Também está em discussão a adesão do Brasil ao GPA (Government Procurement Agreement) da OMC (Organização Mundial do Comércio) que, pelos cálculos da equipe econômica, abre mercado de US$ 1,7 trilhões (R$ 7,1 trilhões) para empresas brasileiras e impede a corrupção em compras do Governo.
A adesão ao GPA é considerado passo importante para a ambição do governo Jair Bolsonaro de colocar o Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
“Temos trabalhado em busca de melhores práticas, mais transparência, combate à corrupção, abertura da Economia”, disse Guedes.
‘Democracia estável’
No Fórum Econômico Mundial de Davos, Guedes quer mostrar que o Brasil, além de ser um país em recuperação econômica, tem uma democracia estável. Portanto, oferece um ambiente completo de boas oportunidades a investidores do mundo todo.
“Ecos provocados pelos próprios brasileiros que se opõem ao governo deram uma ideia errônea aos investidores sobre o que tem acontecido. Eu vou apresentar os números (em reuniões a investidores|)”, diz ele. “O Brasil tem uma democracia estável, pujante e que funciona, e os investidores precisam ter clareza disso”, disse o ministro à Folha.
Na avaliação de Guedes, um dos indicativos de que as instituições “estão saudáveis” no país foi a reação do governo aos protestos contra o vídeo do ex-secretário especial da Cultura, Roberto Alvim. Em pronunciamento na sexta-feira, 17, Alvim copiou Joseph Goebbels, ministro da propaganda durante o governo Nazista de Hitler, e provocou onda de protestos que o presidente Jair Bolsonaro a demiti-lo.
“A mais recente demonstração de que nossa democracia está fortalecida foi a rápida decisão do presidente Bolsonaro de demitir o secretário”, diz Guedes, que soube do vídeo e sua repercussão quando estava nos Estados Unidos para apresentar uma palestra na Mont Pelegrín Society, na Universidade de Stanford.