
Por Pedro Lima, do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – O Parlamento do Irã aprovou neste domingo uma medida que prevê o fechamento do Estreito de Ormuz, rota estratégica para o transporte global de petróleo e gás natural, em resposta aos bombardeios dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas no dia anterior. O anúncio, feito por meio de um veículo de comunicação local, diz que a decisão final, contudo, cabe ao Conselho Supremo de Segurança Nacional, e ainda não foi informado um prazo para que ela seja tomada.
Em entrevista à emissora Press TV, o general Esmaeil Kousari, integrante da Comissão de Segurança Nacional do Parlamento, afirmou que os deputados iranianos concluíram “que o Estreito de Ormuz deve ser fechado, mas a decisão final a esse respeito cabe ao Conselho Supremo de Segurança Nacional”.
Se confirmado, o bloqueio pode pressionar os preços do petróleo e do gás no mercado internacional, além de provocar atrasos no abastecimento global dessas commodities.
O Estreito de Ormuz é responsável pelo transporte de aproximadamente 20% do petróleo comercializado no mundo. Localizado entre o Irã e Omã, a região é considerada estratégica para o comércio internacional de energia. O bloqueio pode causar sérios impactos econômicos globais, elevando drasticamente o preço do petróleo.
Desde o início das ofensivas, o preço do barril já registrou forte alta. O Brent subiu 13,5%, passando de US$ 69,36 para US$ 78,74 em apenas uma semana. O WTI também teve avanço expressivo, com alta de 10,9%. Analistas do JPMorgan alertam que, em caso de bloqueio total ou escalada no conflito, o valor pode chegar a até US$ 130 por barril.
Os Estados Unidos, que protegem a navegação comercial no estreito com apoio da 5ª Frota baseada no Bahrein, alertaram petroleiros a redobrarem a atenção. Agências marítimas globais também emitiram orientações de segurança, temendo retaliações ou confrontos na área.
A possibilidade de fechamento do Estreito já foi levantada outras vezes, como em 2019, quando Donald Trump se retirou do acordo nuclear com o Irã.
A rota é essencial para exportações de petróleo de países como Irã, Arábia Saudita, Kuwait e Catar.
Segundo dados da Vortexa, entre 17,8 e 20,8 milhões de barris por dia passam pelo estreito. Os Emirados Árabes e a Arábia Saudita já buscam rotas alternativas, e os EUA monitoram a situação com atenção máxima.