Por Catia Seabra, da Folhapress
RIO DE JANEIRO – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou o termo “imbecil” ao se referir a banqueiros que, segundo ele, estariam interessados somente em acumular dinheiro.
“Essas pessoas não podem ser tão ignorantes de quererem só acumular riqueza. Fulano de tal é o sujeito mais rico do mundo. Tem US$ 50 milhões, outro tem US$ 70 milhões. Para quê? Você vai gastar no quê? Para que você quer acumular tanto dinheiro, imbecil? Distribua parte disso em salário”, afirmou.
Durante entrevista à rádio Metrópole, de Salvador (BA), Lula relatou, nesta sexta-feira (1º), um diálogo que teria ocorrido durante encontro com banqueiros.
“Esses dias, fiz uma reunião com alguns banqueiros importantes. Falei: ‘porra, vocês não pensam no povo? Não pensam na pobreza? Não pensam no povo que está nas ruas? Não pensam no povo que está sem comer? Só querem ganhar dinheiro?”, descreveu.
O petista disse ter certeza que os banqueiros não votam nele. O ex-presidente listou ações que, em seu governo, teriam deixado lideranças do setor financeiro descontentes, como pobres viajarem de avião, comprarem carro e usarem perfume importado, listou.
Segundo Lula, “tem que vir alguém que não fede nem cheira” na visão dos banqueiros.
“Banqueiro não vota em mim. Tenho certeza que não vota em mim. Eles olham para minha pele e falam assim: ‘esse cara nem sabe falar direito'”, disse o ex-presidente, ressaltando que levou 70 milhões de brasileiros ao sistema financeiro.
Na entrevista, Lula também não poupou o empresariado.
“Parece que eles vivem em uma redoma de vidro, em que o mundo vive em torno deles, dos interesses deles”, disse. Ao citar os jantares dos quais tem participado com empresários, o ex-presidente afirmou que “na cabeça dessa gente não existe pobreza, não existe fome, não existe gente dormindo na rua, não existe gente dormindo na sarjeta, não tem criança morrendo de desnutrição”.
Segundo Lula, “essa gente só fala de teto de gastos e política fiscal”. “Eles não falam em política social, em distribuição de renda e distribuição de riqueza”, acrescentou.