Da Redação
MANAUS – Para cada 10 mil habitantes no Amazonas há 2,02 respiradores e um leito de UTI no SUS (Sistema Único de Saúde). Os números são de mapeamento da Folha de São Paulo das áreas e equipamentos médicos imprescindíveis no combate ao novo coronavírus. A pesquisa mostra quais estados brasileiros estão mais bem preparados para enfrentar a pandemia. Até esse sábado, 11, foram confirmados 1.050 casos e 53 mortes pela doença no Amazonas.
A pesquisa considera os dois principais eixos do sistema de saúde no combate à Covid-19: atendimento básico e triagem para o encaminhamento de pacientes segundo a gravidade e estrutura para casos graves nas UTIs, e leitos equipados com ventiladores para respiração mecânica.
No Amazonas, a maior quantidade de leitos de UTI está concentrada na rede privada, em que a média é de 3,3 leitos para cada 10 mil habitantes. Considerando o total de leitos na rede pública e particular a média é de 1,3. A estrutura para casos graves do estado atende às recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde), que estabelece como ideal 1 ou mais leitos de UTI a cada 10 mil habitantes.
Comparado a outros estados da região Norte, o Amazonas é um dos poucos que atende em mais de 1 ponto todos os requisitos considerados na estrutura de casos graves, junto com Rondônia e Tocantins.
Rondônia é o que possui a maior média de respiradores da região, com 2,5 para cada 10 mil habitantes. Apesar disso, a maior parte de seus leitos de UTI estão na rede particular, com média de 8,7 enquanto que no SUS é de 1,3 ventiladores para cada 10 mil habitantes. Tocantins ultrapassa o mínimo de 1,0 recomendado pela OMS, mas também concentra seus leitos de UTI em hospitais particulares, sendo a média de 9,5 ventiladores para cada 10 mil habitantes e no SUS a proporção é de 1,0.
Incluindo Roraima, Acre, Pará e Amapá, a pesquisa mostra que em todos os estados da região Norte a maior parte dos leitos de UTI estão nos hospitais particulares. O Amapá é o que tem menos leitos de UTI no SUS, com proporção de 0,5 para cada 10 mil habitantes e menos respiradores também, com média de 1,04. O estado tem 193 casos confirmados e três mortes registradas até este sábado, 11, com base nos dados do Ministério da Saúde.
O Amazonas é o primeiro da região no ranking de casos positivos de Covid-19, com 1050 infectados, seguido pelo Pará (217), Amapá (193), Roraima (75), Acre (72), Rondônia (33) e Tocantins (23).
Outras regiões
Apesar de apresentar números dentro da média, se comparada à estrutura de outros estados com menos casos de Covid-19, o Amazonas deixa a desejar. Por exemplo, no Paraná, foram confirmados até este sábado, 676 casos da doença e 26 mortes. No estado, são 3,1 respiradores para cada 10 mil habitantes e leitos de UTI no SUS 2,1. Em Goiás, são 209 casos positivos e dez mortes, mas para cada 10 mil habitantes são 1,3 leitos de UTI no SUS e 2,4 respiradores.
Atendimento básico
O atendimento básico deixa a desejar no Amazonas. Nos três pontos avaliados, o estado ficou abaixo da média nacional.
De acordo com a pesquisa, menos de 10% dos 5.570 municípios do país têm leitos de UTI. Já a maioria das 4.000 cidades com menos de 50 mil habitantes também não dispõe de ambulâncias, o que exigirá coordenação em nível estadual na transferência de pacientes graves para municípios maiores.
É a realidade do Amazonas, que para tratar pacientes graves do interior precisam fazer o transporte aéreo até o Hospital Delphina Aziz em Manaus, referência no tratamento à Covid-19.