Por Oreni Braga*, especial para o ATUAL
MANAUS – Ao longo de várias décadas, o Modelo Zona Franca de Manaus – ZFM vem sendo atacado visceralmente por técnicos do governo Central e por autoridades da região sudeste, em especial, do Estado de São Paulo.
Na contramão, as autoridades do Amazonas passaram todos esses anos defendendo a ZFM dos ataques externos e jamais contra-atacaram mostrando, verdadeiramente, a importância da ZFM como mola propulsora para gerar outra Matriz Econômica com novos setores que fortalecessem o modelo.
As empresas do Polo Industrial de Manaus destinam valores estratosféricos em reais, para o FTI (Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas), os quais são destinados para quaisquer outras demandas, menos para o desenvolvimento do turismo.
Pois bem, um dos setores que é estratégico e de retorno a curto prazo para a economia local é o turismo. Podemos falar de cadeira, pois passamos 14 anos na direção do Órgão Estadual de Turismo batendo nessa tecla.
Trouxemos voos nacionais e internacionais para o Amazonas; implantamos o Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques; capacitamos mais de 20 mil pessoas em 15 municípios turísticos; implantamos a Sinalização Turística da Cidade de Manaus e de mais seis municípios turísticos; construímos Centro de Atendimento ao Turista e Terminal Fluvial Turístico em oito municípios; construímos Pousadas Comunitárias e Centrais de Artesanato; lançamos campanha nacional e internacional do Amazonas como Destino Ecoturístico; produzimos o material de mídia, marketing e publicidade do Amazonas em dez idiomas (inglês, francês, espanhol, italiano, russo, mandarim, japonês, português de Portugal, alemão e português do Brasil); além de outras ações que projetaram o Amazonas nos cenários nacional e internacional; credenciando Manaus para receber, em toda a sua história, todas as bandeiras da hotelaria internacional. Tudo isso foi realizado com recursos captados junto ao governo federal.
Na verdade, o turismo nunca foi prioridade para os governadores do Amazonas. Isso é comprovado pelo orçamento pífio que sempre fora destinado à pasta. Os recursos só davam para pagar a folha de pessoal e as despesas administrativas, embora o setor contasse legalmente com os milhões do FTI, como já mencionado anteriormente.
Esse esforço da pasta era notório, porém nunca foi suficiente para sensibilizar os chefes do Executivo, em quatro gestões. Eles nunca reconheceram que o turismo poderia ser um aliado estratégico para a ZFM.
E agora José? Mais do que nunca estamos diante de um cenário assustador! A criação de uma Zona Franca no Tapajos do Pará é o golpe mortal na nossa Zona Franca. A insegurança jurídica advinda do governo federal com as ameaças constantes, deixa os investidores com o pé atrás.
Então, até quando vamos esperar que as empresas do PIM recolham suas plantas e se mudem para o Paraguai ou para outro pais?
O que falta para que o governo do Estado crie, em caráter emergencial, o Conselho de Desenvolvimento Econômico que possa apresentar, a curto prazo, uma matriz de desenvolvimento do turismo, da pesca e do mineral, além de pensar na água como bem commoditie?
O Amazonas tem atrativos turísticos naturais e culturais em abundância, e um povo hospitaleiro, além de uma hotelaria eclética que está ávida por clientes, e uma gastronomia incomparável!
Esses são ingredientes necessários e estratégicos para um destino se consolidar. Chegou a hora de reconhecer que o setor é a única saída para oxigenar a economia do estado, enquanto é tempo!
Quem sabe faz a hora e a hora é agora!
______________
*Oreni Braga é ex-presidente da Amazonastur, especialista em Ecoturismo e Design de Ecolodges e mestre em Gestão e Auditoria Ambiental.