MANAUS – O eleitor e a eleitora não querem um pai ou uma mãe para administrar a cidade. Tampouco querem um prefeito para “cuidar das pessoas”. Talvez passa na cabeça dele e dela, quando um político diz essa célebre frase, uma outra frase bem conhecida: “Eu sei muito bem me cuidar”.
Mas a campanha eleitoral tem sido assim desde que o Brasil virou República pelas mãos dos monarcas: o político se apresenta como o pai (mas recentemente também como a mãe) dos pobres e desvalidos, como alguém que vai resgatar a dignidade do povo, resolver seus problemas mais elementares, conseguir um emprego, fazer com que o eleitor e a eleitora “melhorem de vida”.
Ninguém acredita mais nesse tipo de discurso. O eleitor e a eleitora não conseguem mais ouvir e nem ver político em tempos de candidatura abraçar crianças e velhos, se vestir como gente do povo, ouvir seus problemas e prometer o que não cumpre depois das eleições.
Nas últimas eleições, a tônica foi o candidato ficha limpa e, mais recentemente, o não corrupto ou o incorruptível. O novo que iria suplantar a velha política. Os conservadores que combateriam uma sociedade estragada pelo excesso de liberdades individuais, que iriam salvar e resgatar a família tradicional.
Nada disso se concretizou, porque não passavam de discursos fáceis e falsos para ganhar a eleição, num momento de profunda decepção com os últimos governos.
Mas também, nada disso é importante para o eleitor ou eleitora. O que a população de uma cidade precisa é de um gestor que administre a cidade para todos e não para os amigos.
E administrar para a população é oferecer os serviços essenciais com qualidade. Hospitais bem equipados e atendendo com competência, transporte público decente, saneamento básico, escolas que cumpram a função de formar os alunos para a ordem estabelecida na sociedade atual.
O difícil é identificar entre tantos candidatos que se apresentam em toda eleição aquele capaz de assumir essa tarefa.
Alguém que esteja disposto a desmontar os esquemas de roubalheira do dinheiro público, extinguir os contratos superfaturados.
Alguém disposto a acabar com os cargos comissionados que acomodam apadrinhados e amigos do poder, e realizar concurso público para contratar os mais qualificados e, assim, melhorar os serviços ofertados aos cidadãos e às cidadãs.
Nos próximos meses, o eleitor e a eleitora precisam ficar atentos à campanha eleitoral para ver se identificam alguma candidatura com essas características.
O desafio está lançado tanto para os candidatos quanto para o eleitorado.