MANAUS – “O candidato do povo”, “Aliança com o povo”, “O verdadeiro candidato do povo”, “Vou ser o prefeito do povo”, “Estou com o povo”, “Meu compromisso é com o povo”, “Vamos trabalhar para o povo”.
Essas frases são repetidas mil e uma vezes durante as campanhas eleitorais. “O povo”, um termo que representa a todos os mortais e ao mesmo tempo não representa ninguém, é abandonado no dia seguinte à eleição, quando derrotados e eleitos não precisam mais do voto do eleitor.
A partir de então, a relação com o povo é substituída pela relação com os poderes e com os poderosos. Entram no jogo, muitas vezes, quem financiou a campanha, quem apoiou o candidato, os partidos que participaram da coligação.
É necessário distribuir os cargos nos poderes Executivo e Legislativo – e não são poucos cargos. Entram em ação aqueles que vivem de sugar as tetas da velha máquina; aqueles que exigem cargos para os filhos, os sobrinhos, os netos…
Os interesses por trás do poder são inimagináveis pelo povo. Ao povo, restará esperar mais dois anos – no Brasil as eleições são de dois em dois anos.
O gestor que prometeu na campanha melhorar a vida do povo, trabalhar para oferecer um atendimento digno nos hospitais, dar escola e creches melhores para os filhos desse povo, afoga-se em compromissos que não estavam nos scripts dos programas eleitorais.
E assim caminha o povo brasileiro, sempre na esperança de dias melhores.