A celebre frase do filósofo Nicolau Maquiavel “Dê poder a um homem, e verás quem ele é! ”, guia o atual momento político brasileiro. O sucesso almejado pelos políticos não se concretiza em atos como moralidade, ideologia ou benefícios aos cidadãos, e sim, pelo uso de qualquer meio para atingir os resultados desejados, sendo ele senhor do seu próprio destino após eleito.
Ainda seguindo o pensamento de Maquiavel “aqueles que desejam conquistar as graças de um príncipe costumam apresentar-se diante dele com objetos que consideram os mais preciosos ou que pensam poder ser de seu máximo agrado”. Assim se deu nas eleições de 2018, quando surfando nos efeitos da “onda Bolsonaro”, desconhecidos e inexpressivos candidatos se alistaram nas trincheiras do Partido Social Liberal-PSL e, de forma bastante conveniente, abraçaram como principais bandeiras a “lealdade” às propostas de governo apresentadas pelo então candidato a Presidente da República Jair Bolsonaro.
Ultrapassadas as eleições, o PSL saltou de um deputado eleito em 2014 para a segunda maior bancada da Câmara em 2018, dos 53 deputados eleitos, 47 nunca haviam exercido cargo eletivo. Foram eleitos com a missão de dar sustentação no Congresso ao Presidente.
Essa mesma bancada que em quase sua totalidade foi eleita pela coesão da massa em prol de um único projeto chamado Bolsonaro, vemos hoje, chama-lo de adjetivos pejorativos como “vagabundo”, simplesmente por contrariar interesses espúrios, o velho jogo do “toma lá, dá cá”, existente nas entranhas da política nacional. Enfim, ocorreu uma depuração, onde de um lado ficaram os leais ao Presidente e seus principais apoiadores, o povo. Na outra vertente, os oportunistas, os mesmo que durante a campanha se intitulavam os deputados do Bolsonaro. Um caminho sem volta.
O desgaste no PSL já era evidente desde a escolha dos líderes de bancada, que apesar de aclamados, não eram bem aceitos, por muitas vezes não seguiam as diretrizes da maioria. O partido tinha que ser confundido com o governo, o partido é a própria imagem do Presidente, é inaceitável, o líder da bancada ficar criticando o governo. Não há PSL sem Bolsonaro.
O auge desse impasse, são as candidaturas laranjas, a falta de transparência partidária, lembrado que o PSL recebe R$ 8 milhões mensais de fundo partidário, e não sabemos a real destinação dos recursos.
Podem acusar o Presidente da República de tudo, menos que é corrupto, e a insatisfação dos verdadeiros apoiadores do Bolsonaro, recai no fato do PSL se confundir com nome presidente. O 17 é Bolsonaro. Essa falta de transparência e má gestão são inaceitáveis.
A ruptura exposta esta semana, onde os deputados que apoiam o presidente, estão sofrendo retaliações, retirados de comissões, suspensos, ameaçados de expulsão ou cassação de mandato, são os caminhos seguidos pela direção nacional do partido, deixando claro quem são os verdadeiros vagabundos.
Todos os deputados do PSL foram eleitos com expressiva votação, um voto de confiança do cidadão, pois era previsível a necessidade de uma grande bancada de apoio, a dar sustentabilidade aos projetos do governo. Essa falta de estrutura republicana deve ser exterminada, não é mais concebível que, partidos políticos tenham donos, e que suas diretrizes não sejam o bem comum. Essa briga de vaidade, onde está em jogo, somente quem administrará o fundo partidário para as eleições de 2020, não pode sobressair as verdadeiras pautas necessárias ao crescimento do País
Sérgio Augusto Costa é Advogado, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Eleitoral.
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