Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Antônio Ferreira Pontes, de 59 anos; Illana Raquel Lima Pontes, de 24 anos; e Tiago Almeida dos Santos, de 36 anos, foram presos nesta terça-feira (5) em Presidente Figueiredo (a 120 quilômetros de Manaus) por suspeita de envolvimento em esquema de fraudes no auxílio-emergencial criado pela prefeitura para atender famílias de baixa renda.
De acordo com o delegado Valdinei Silva, da 37ª DIP (Delegacia Interativa de Polícia), o grupo desviava cartões da Semasc (Secretaria de Assistência Social de Presidente Figueiredo), da qual Tiago era funcionário, e os trocava por dinheiro no comércio do município. A polícia suspeita que o trio tenha desviado aproximadamente R$ 600 mil.
“O auxílio pagava três parcelas de R$ 200, por meio de um cartão alimentação. Durante as investigações, constatamos que cerca de mil cartões foram extraviados e seus valores sacados indevidamente. A quantia desviada pode chegar a aproximadamente R$ 600 mil”, afirmou Valdinei Silva.
A operação foi deflagrada um dia após a prefeita do município, Patrícia Lopes (MDB), anunciar que pediu investigação policial sobre denúncias de possíveis práticas dos crimes de estelionato, falsidade ideológica e organização criminosa no auxílio. Lopes disse que recebeu fotografias que mostram uma mulher usando diversos cartões em um supermercado.
“Soubemos através de alguém que estava no supermercado no mesmo momento em que a pessoa estava com vários cartões na mão. Ela (denunciante) fotografou e enviou para o meu celular e para o vice-prefeito. Nós encaminhamos ao delegado e, posteriormente, demos entrada na queixa-crime feita pelo procurador-geral do Município”, disse Lopes.
As ordens judiciais foram decretadas nesta terça-feira (5) pelo juiz Roger Luiz de Almeida, da Vara Única Da Comarca De Presidente Figueiredo. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em cinco endereços, sendo as casas dos infratores, um supermercado de propriedade de Antônio, a residência da secretária da Semasc, além da sede do órgão.
O Portal do Urubuí transmitiu ao vivo nas redes sociais o momento em que um homem e uma mulher chegaram à sede da delegacia local, acompanhados dos agentes. Conforme a Polícia Civil do Amazonas, os três permanecerão custodiados na carceragem da 37ª DIP, à disposição do Poder Judiciário.
De acordo com a prefeitura, o benefício foi pago a 8 mil famílias cadastradas no Bolsa Família, além de produtores da agricultura familiar e da agroecologia que tiveram suas produções interrompidas pela pandemia. Ambulantes, microempreendedores individuais e autônomos também receberam o auxílio.
Apesar da denúncia de fraude, a prefeita disse que a maioria dos beneficiários foi atendida com o objetivo do programa. “A maioria foi atendida conforme havíamos previsto. Mas ainda que um cartão fosse desviado, nós não poderíamos aceitar. As pessoas envolvidas não têm respeito, compaixão e amor ao próximo”, disse Lopes.
“Esse é um caso que me deixou muito indignada (…) Administrar recurso público requer responsabilidade, seriedade e transparência. Por isso que, de imediato, logo que recebi a primeira imagem já fiz o encaminhamento ao delegado. Estou ansiosa esperando que justiça seja feita”, completou Lopes.