EDITORIAL
MANAUS – O aplicativo Selva (Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental) é capaz de mostrar em tempo real, em pontos coloridos sobre o mapa da Amazônia o número de queimadas ou fotos de incêndio. Nesta semana, as queimadas causaram poluição nunca vista em Manaus e municípios da Região Metropolitana. O que ninguém esclareceu até agora é a origem do fogo.
Os governos estadual e federal têm mobilizado o Copo de Bombeiros, brigadistas e forças de segurança para combater os incêndios florestais. Na sexta-feira (13), a Polícia Federal prendeu dois homens que confessaram atear fogo na vegetação, na Região Metropolitana, mas as informações sobre as prisões são pouco relevantes. Duas pessoas são responsáveis por todo o fogo que devasta a floresta na região.
Não é fácil detectar os culpados. Mas há suspeitas de que o fogo não começa por um descuido de agricultores que resolvem limpar suas terras para plantação. Fala-se em incêndios criminosos, mas os criminosos não são identificados.
Em setembro, a Prefeitura de Manaus iniciou uma campanha contra as queimadas na capital, com alvo naquelas pessoas que ainda usam o fogo para eliminar lixo e folhas do quintal da casa nas cidades.
Neste mês de outubro, o governo federal também lançou uma campanha publicitária nos estados da Amazônia de combate ao fogo. A campanha “Amazônia sem Incêndios – Vamos proteger vidas” chegou quando a floresta já estava em chamas, e surtiu pouco efeito.
Nesta semana, quando a fumaça assustou a todos na região metropolitana, o Governo do Amazonas discutiu o endurecimento das punições para quem comete esse tipo de crime ambiental.
O que se vê é fogo, muito fogo, inclusive nas margens de estradas onde aparentemente não há moradores e não haveria motivo para queimar a mata.
Uma investigação mais complexa deve ser iniciada, assim como a vigilância deve ser redobrada. É necessário também convencer os cidadãos a denunciarem os criminosos, e garantir que a polícia e a justiça vão fazer sua parte, de forma célere.
O que não pode acontecer é, depois de passada a estiagem e apagado o fogo, as autoridades esqueçam o assunto. Se não houve punição, os incêndios serão cada vez mais recorrentes.