Por Felipe Campinas e Patrick Motta, da Redação
MANAUS – O empresário Murad Aziz, irmão do senador Omar Aziz (PSD), afirmou que não sabia da deflagração da Operação Cashback, quarta fase da Operação Maus Caminhos, e que falará a verdade em interrogatório à juíza Ana Paula Serizawa, da 4ª Vara Criminal. Murad e outros cinco réus são acusados pelo MPF (Ministério Público Federal) de embaraçar investigações da operação que desarticulou esquema de fraudes na saúde pública do Amazonas.
“Eu vou falar a verdade. Simplesmente o que me perguntarem eu vou responder. Como eu sabia da operação? Eu não sabia da operação. Eu acho que a imprensa sabia antes do que eu, na verdade, porque já tinha imprensa na minha casa antes da operação. Então, não sabia nada a respeito dessa operação”, afirmou Murad Aziz, antes de entrar na sede da Justiça Federal, às 9h desta quarta-feira, 25.
Murad disse que apresentará documento da empresa Amazonas Energia que comprova que havia manutenção marcada para o dia 11 de outubro, mesmo dia da operação Cashback, em academia de ginástica da qual é proprietário. Um dia antes, uma quarta-feira, a academia usou as redes sociais para informar que não haveria atividades no dia seguinte devido a “diversos picos de energia”. Alguns clientes ainda foram para a academia e se depararam com a Polícia Federal na porta.
Além do fechamento da academia, o MPF diz que a Polícia Federal não encontrou nenhum aparelho eletrônico relevante, apenas um computador obsoleto que não ligava de forma adequada. A PF afirma que Murad tinha um computador MacBook da Apple, que não foi localizado na casa do empresário.
O advogado Rodolfo Santanna, que defende Murad, afirmou que as acusações do MPF são suposições e que “chega a ser fantasiosa a situação de obstrução de Justiça”. “É muita suposição, é muito ‘disse-me-disse’, chega a ser fantasiosa a situação de obstrução de Justiça porque eles dizem que ele obstruiu a Justiça porque trocou um computador de 5 anos. Acho que é tempo suficiente para se trocar um computador ou qualquer coisa. Ele se entregou e foi preso. Não houve nenhum prejuízo na fase da operação para que ele obstruísse a justiça efetivamente”, afirmou.
‘Padrinho’
Sobre a relação com o médico Mouhamad Moustafá, Murad afirmou que não pode negar “certas coisas” e que era padrinho da filha do médico, mas que não está envolvido com suposta organização criminosa que fraudou contratos do Estado. “O médico era meu médico. Me tratou. Sou padrinho da filha dele. Não posso negar certas coisas. Hoje, não é porque ele está envolvido em certas coisas que eu faço parte. Eu acho que a gente anda com muitas pessoas, não quer dizer que eu faça parte disso”, afirmou Murad Aziz.