Do ATUAL
MANAUS- Doze municípios do Amazonas concentraram 40% dos focos de calor na Amazônia entre agosto e novembro de 2023. Eles estão na área de influência da BR-319 (Manaus-Porto Velho/RO). Dos 17 mil incêndios florestais no período em todo o Amazonas, 6,8 mil ocorreram nesses municípios, segundo dados do Observatório BR-319.
A maior ocorrência de incêndios em setembro foi registrada em Autazes (277), Humaitá (532), Manaus (29) e Tapauá (151). E pela primeira vez, quatro unidades de conservação também registraram focos de incêndios: o Parque Nacional (Parna) de Anavilhanas (1), o Parna do Acari (1), a RDS do Matupiri (10) e a RDS do Rio Amapá (6).
“Em 2019, foram quase 5 mil focos de calor alcançando 9 mil em 2022. Houve uma redução em 2023, de cerca de 20%, chegando a 7 mil focos de calor, algo que não é para se comemorar, pois ainda estamos em um cenário de grandes queimadas, inclusive, os municípios da parte norte da rodovia, na Região Metropolitana de Manaus, alcançaram os maiores valores da série histórica de monitoramento”, disse Thiago Marinho, analista responsável pelo monitoramento de desmatamento e focos de calor do Observatório BR-319.
O efeito das queimadas atingiu Manaus. De setembro até o início de novembro a capital amazonense foi encoberta por fumaça. Devido à situação, o MPF (Ministério Público Federal) exigiu documentos do Governo do Amazonas sobre as ações de combate ao desmatamento desde 2019.
Outra medida foi a Ação Popular Ambiental de Litigância Climática, proposta pelo procurador de Contas do Estado, Ruy Marcelo Alencar. Ele pediu tutela de urgência por poluição atmosférica contra a União.
A fumaça das queimadas comprometeu a qualidade do ar em Manaus, resultando em problemas de saúde como tosse, dor de cabeça e irritação nos olhos, afetando especialmente crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias.
Segundo o cientista Lucas Ferrante, em artigo publicado no site ECOA, ao sul de Manaus, em Careiro e Autazes, existia, em 3 de novembro, “uma área de emissão de particulados [poeira, fumaça e material sólido que fica suspenso no ar] e a pior qualidade do ar na região central da Amazônia”.