Do ATUAL
MANAUS — O MPAM (Ministério Público do Amazonas) pediu à Justiça Estadual a prisão e a suspensão da função pública do delegado Ericson de Souza Tavares, da Polícia Civil do Amazonas. Ericson foi preso em flagrante em março, em Manacapuru (a 86 quilômetros de Manaus) por suspeita de extorsão mediante sequestro, porte ilegal de arma de fogo e associação criminosa.
Outros nove policiais também foram presos. Ericson foi solto no mês passado e, logo após a soltura, publicou um vídeo nas redes sociais em que debochava das autoridades, o que motivou o novo pedido de prisão, informou o MP.
No pedido, a procuradora Neyde Regina Demosthenes Trindade e o procurador Igor Starling Peixoto, além de dois promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), citam que “há fortes indícios de que ele faz parte de uma associação criminosa armada que realiza extorsão mediante sequestro em evidente abuso de autoridade”.
“Mais grave, após a concessão da liberdade provisória cumulada com medidas cautelares diversas da prisão, o Paciente, em verdadeira afronta à Justiça, publicou em suas redes sociais vídeo que repercutiu nos meios de comunicação de todo o estado do Amazonas”, dizem os procuradores em trecho do documento.
O MPAM argumenta que a atitude do delegado, que canta funk, usa palavrões e mostra o dedo do meio no vídeo, desrespeita as investigações e as vítimas dos crimes pelos quais é acusado. Segundo os procuradores, a “liberdade” do delegado é um risco à ordem pública.
Além da prisão preventiva, o MPAM pede a suspensão do exercício da função pública de Ericson como delegado de polícia civil para proteger a integridade das investigações.
“A mencionada suspensão visa não somente evitar o cometimento de novos delitos. A finalidade é mais ampla, pois como os crimes foram praticados no exercício das funções públicas, afasta-se o Paciente de tais funções, mas também das novas oportunidades que possam levar a outras práticas criminosas diferenciadas”, diz o documento.
No pedido, os procuradores afirmam que “na função pública de relevância – Delegado de Polícia Civil –, poderia o agente afetar as investigações, seja pelo prestígio, influência, aproximação corporativa com outros funcionários, poder de mando, e até acesso a dados sigilosos que ainda não possam ser conhecidos. Tais condutas também poderiam configurar atividades criminosas”.
Por fim, o MPAM argumenta que a gravidade concreta das ações do delegado justifica a necessidade de prisão preventiva para garantir a ordem pública e assegurar a continuidade das investigações sem interferências.
O caso
No dia 23 de março deste ano, nove agentes da Segurança Pública foram presos em flagrante, em Manacapuru, suspeitos de crimes de extorsão mediante sequestro, porte de arma de fogo, associação criminosa, entre outros.
Os policiais civis foram identificados como o delegado Ericson de Souza Tavares e os investigadores Eliezio Alencar de Castro, Anderson de Almeida Maia, e Alessandro Edwards da Cruz.
Já os policiais militares foram o sargento Alexandro Conceição dos Santos, os cabos Elson Nascimento de Souza, Ueslei Rodrigues da Silva, Kemer Cruz Pimentel, Edvaldo Ewerton Pinto de Souza, e Germano da Luz Júnior. Além dos nove agentes de polícia, também foram presos dois civis.