Por Marina Dias, da Folhapress
WASHINGTON-EUA – O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, relativizou nessa quinta, 12, os termos do Tiar (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca), que prevê defesa mútua dos países-membros em caso de ataques externos, e disse que sua ativação não significa uma intervenção militar na Venezuela.
“Cada vez está mais claro que a situação da Venezuela é uma ameaça à segurança da região e que, portanto, o Tiar tem vocação de tratar desse tipo de desafio (…) Não significa ação militar, de forma nenhuma, não é isso que nós queremos”, afirmou o chanceler em Washington. “O Tiar não é simplesmente um acordo de ação militar, é um acordo para ação coletiva diante de ameaças à segurança”.
O chanceler relativizou os termos do pacto assinado em 1947 – que trata de ameaça externa para que seja ativado – e disse que o governo brasileiro vislumbra apenas ações diplomáticas contra o regime de Nicolás Maduro. A ala militar do governo brasileiro sempre advogou contra qualquer ação intervencionista no país vizinho, mas as posições públicas do presidente Jair Bolsonaro são dúbias sobre o assunto.
O chanceler endossou ainda o discurso do governo colombiano de que a presença de integrantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na Venezuela agravou a crise e exige uma tomada de posição coletiva dos países do continente.
Na quarta, 11, o Brasil apoiou o presidente interino na Venezuela, Juan Guiadó, na OEA (Organização dos Estados Americanos), para aprovar a convocação de uma reunião que pode ativar o Tiar.
A resolução – chancelada por 12 dos 19 países que participaram do acordo – prevê que os chanceleres das nações participantes se reúnam na segunda quinzena de setembro para tratar do tema. O encontro está previsto para a semana do dia 23 de setembro, às vésperas da abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.
Na sessão da OEA, o Brasil chegou a rechaçar uma emenda proposta pela Costa Rica que apoiava a convocação de uma reunião, mas que excluía medidas “que impliquem o emprego de força armada”. Questionado sobre a postura da delegação brasileira, Ernesto mais uma vez minimizou o cenário, disse que, “na verdade, não é que a gente seja a favor”. “Ninguém está falando de ação armada”, repetiu.