Deputado Luiz Castro (PPS), autor do requerimento para instalar a comissão aposta que ela será instalada nesta quinta-feira
MANAUS – Com 22 assinaturas (apenas dois deputados não assinaram), o requerimento para a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de apurar novas ocorrências de crimes de pedofilia no município de Coari e em outros municípios do Amazonas, foi apresentado na manhã desta quarta-feira à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
De acordo com o deputado Luiz Castro (PPS), autor do requerimento, o presidente da Casa, deputado Josué Neto (PSD), marcou uma reunião com os líderes de partidos para esta quinta-feira (14 de fevereiro) para acertar os detalhes para a instalação da CPI. Na mesma reunião devem ser definidos os membros da comissão. “Acredito que a instalação seja feita em plenário logo depois dessa reunião”, afirmou o deputado Luiz Castro.
A CPI da Pedofilia da ALE também vai investigar os mecanismos do Estado e dos municípios de combate, prevenção e reparação dos danos ocasionados pela prática da exploração sexual de crianças e adolescentes. “Em todos os municípios que a vamos, há reclamação dos conselheiros tutelares de que as prefeituras não oferecem as condições necessárias para eles atuarem de forma adequada. Nós vamos investigar também a eficiência e a eficácia desses mecanismos que deveriam servir para inibir os crimes contra as crianças e adolescentes”, disse Castro.
Trabalho conjunto
O deputado Luiz Castro informou que a CPI da Pedofilia da ALE vai trabalhar em parceria com a CPI da Pedofilia da Câmara dos Deputados. O primeiro trabalho conjunto será realizado ainda este mês, quando as deputadas Érica Kokay (PT-DF) e Lilian Sá (Pros-RJ) voltarão ao Amazonas para uma nova visita ao município de Coari e para tomar os depoimentos dos réus na ação penal originada da Operação Estocolmo. Nessa ação, então entre os réus o deputado estadual Fausto Souza (PSD), empresários do Amazonas e até um funcionário do consulado da Holanda em Manaus.
A vinda da CPI da Câmara dos Deputados está marcada para o próximo dia 20. As deputadas que estão à frente dos trabalhos solicitaram ajuda aos deputados de oposição da Assembleia Legislativa para que providenciem a estrutura necessária para ouvir os 20 denunciados da Operação Estocolmo. Na ida a Coari, as deputadas querem ouvir novas testemunhas, entre elas as citadas na denúncia contra o prefeito Adail Pinheiro, na semana passada, que resultou na prisão dele e de outros cinco servidores do município de Coari. Elas também estão interessadas em ouvir os relatos de testemunhas que estão recebendo ameaças depois que colaboraram com a CPI e com a reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, que denunciou os casos de pedofilia envolvendo Adail.
Quem não assinou
Os dois deputados que não assinaram o pedido de CPI da Pedofilia são Francisco Souza (PSC) e Wilson Lisboa (PCdoB). Lisboa ainda não retornou à Assembleia Legislativa, mesmo com o fim do recesso parlamentar, há duas semanas. Souza se recusou a assinar o documento. Até ontem, 19 deputados haviam assinado, mas nesta quarta-feira, antes da apresentação do pedido à Mesa Diretora, os deputados David Almeida (PSD), Belarmino Lins (PMDB) e a deputada Vera Lúcia Castelo Branco (PTB) assinaram o documento.