Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O ex-governador do Amazonas José Melo chorou em depoimento à Justiça Federal na manhã desta quinta-feira, 8, em processo na Operação Maus Caminhos. Melo disse que nunca se reuniu com o médico Mouhamad Moustafa, a quem chamou de “fanfarrão e mentiroso”, e que jamais pediria para o irmão (Evandro Melo, ex-secretário de Administração), a quem ajudou a criar, para roubar dinheiro para ele.
Melo foi denunciado como chefe do núcleo político de esquema de fraudes que desviou R$ 104 milhões da Saúde do Amazonas.
“No meu governo a única coisa que fiz foi zelar pelo bem público. Tenho convicção do que fiz no meu governo e não fiz nada de errado para me envergonhar”, disse Melo, ao afirmar que é inocente e que Mouhamad usava o nome dele para “demonstrar poder”. Mouhamad é considerado pela PF (Polícia Federal) e MPF (Ministério Público Federal) líder de esquema de fraudes na saúde pública do Amazonas.
Nessa ação, José Melo é acusado de receber, através do irmão Evandro Melo, R$ 80 mil de Mouhamad Moustafá. Ao falar sobre a acusação, o ex-governador relembrou que criou o irmão quando era pequeno e o ajudou a se formar em odontologia e que jamais pediria que ele roubasse ou pedisse dinheiro de fornecedores do Estado. Nesse momento, José Melo chorou.
“Eu criei o Evandro e o ajudei a se formar como dentista. Depois, ele caminhou sozinho. Eu me surpreendi ao ver ele citado nessa denúncia. Se isso for verdade, eu saio daqui sem acreditar em ninguém. Esse não era o Evandro que eu ajudei a formar. Eu vou morrer e não acredito nisso. Se ele fez, antes de ir para a cadeia eu vou estar na cadeia porque eu vou me auto-impor de vergonha em ver que o que eu construí não foi o que eu pensava”, afirmou Melo chorando.
José Melo disse que caso seja confirmado que Evandro Melo cometeu os crimes denunciados pelo MPF, quer que ele pague, mas que não irá assumir os erros do irmão. Ele disse que Mouhamad é um “fanfarrão e mentiroso” porque o citou em mensagem.
‘Inocente’
Melo disse que se considera inocente porque quando assumiu o Governo do Amazonas, por questão de “ética, apenas deu prosseguimento a projetos e programas sociais do ex-governador Omar Aziz (PSD)”, que deixou o governo para disputar o cargo de senador da República. “Eu, por questão de ética e porque eu estava logo em seguida disputando a minha reeleição, respeitei o andamento de todos os projetos, como respeitei a manutenção de todos os secretários de Omar que permaneceram no cargo”, afirmou.
O ex-governador contestou informações apresentadas na denúncia do MPF, afirmando que são “distorcidas” e disse que não sabe onde se encaixa no suposto “esquema criminoso”.
Melo também disse que não tinha relação estreita com Mouhamad Moustafá. “Em todo momento que ele dizia que estava comigo eu estava em outro lugar”, disse. Ele criticou o relatório da CGU (Controladoria Geral da União) que baseou a denúncia do MPF e afirmou que a superintendente Mona Liza Prado se baseou em extrato bancário.
Mouhamad Moustafa
De acordo com o ex-governador, Mouhamad foi apresentado a ele pelo ex-secretário de Planejamento Thomaz Nogueira, em reunião para apresentar diagnóstico do Estado.
Questionado se costumava se encontrar com o médico da Maus Caminhos, melo respondeu: “Nunca o conheci, nunca apertei a mão dele, ele nunca esteve no meu gabinete, ele nunca teve nenhum tipo de relação nenhuma comigo”. E repetiu quatro vezes: “nunca, nunca, nunca, nuca!”, e se emocionou.
José Melo disse que a esposa dele, a ex-primeira-dama Edilene Gomes, pretendia tomar café com a esposa do empresário Murad Aziz, que era amiga dela de longa data, e que Mouhamad chegou lá com “conversa fiada”, pedindo contratos com o Estado. “A Edilene saiu de lá esculhambando todo mundo e nunca mais teve contato com a pessoa que era amiga dela”, disse Melo, ao afirmar que a mulher não tratava de serviços do Estado.
Lancha milionária
Sobre a acusação de que Evandro Melo seria o seu tesoureiro e que na venda de uma lancha por um preço três vezes maior do que o registrado na Capitania dos Portos o irmão aparece como coproprietário, o que não consta em declaração à Capitania e à Justiça Eleitoral, o ex-governador disse que a lancha foi construída há 20 anos e que Evandro entrou como sócio dele.
De acordo com Melo, quem usava a embarcação era o pai dele e com o decorrer dos anos o irmão não pôde bancar a manutenção da lancha e a entregou para ele. Ele disse que negociou a venda da lancha, que tinha 22 metros, dois andares e seis camarotes, por R$ 3 milhões para comprar uma casa.
Ele falou nos milhoes que esta na mao de seu testa de ferro? o Chaguinha, que teve contratos milhonarios na Seduc, esse esta com a grana toda, desviada para pagar os ADV, para defender a quadrinha toda!!! quem nao lembra das filmagens dele sacando grana para comprar votos no Bradesco, apareceu ate no Fantástico.